sábado, dezembro 30, 2006
Next Year Baby
Next year
Things are gonna change
Gonna drink less beer and start all over again
Gonna read more books, gonna keep up with the news
Gonna learn how to cook, spend less money on shoes
I’ll pay my bills on time and file my mail away, everyday
Only drink the finest wine and call my Gran every Sunday
Resolutions, baby they come and go
Will I do any of these things?
The answer's probably no
But if there’s one thing I must do, despite my greatest fears
I’m gonna say to you how I felt all of these years
Next Year
Next Year
Jamie Cullum
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Tu, que entraste para Cirurgia Vascular
segunda-feira, dezembro 04, 2006
Estranho país
quarta-feira, novembro 29, 2006
Reclamação sobre as palavras-cruzadas do Público
quinta-feira, novembro 23, 2006
She
O jornalista que fez a entrevista à Paula Teixeira da Cruz do Público de hoje errou no mais importante. Destacou em título uma declaração banal e algo previsível, quando o mais sintomático está escondido algures no meio do texto: "O PSD não é um partido de direita". Se nos parece que o PS governa à direita, não nos supreendamos se nos próximos anos houver maior confusão ainda quanto à questão ideológica na política dos nossos dias.
Acho muita piada à Paula Teixeira da Cruz. E ainda que ela se farte de dizer que não quer cargos políticos nem está interessada em subir a escadaria do poder, eu acredito e espero que ela chegue um dia ao topo governativo no nosso país.
Seja como for, não deixem de decorar este nome.
domingo, novembro 19, 2006
Choldra ignóbil
sexta-feira, novembro 17, 2006
quarta-feira, novembro 15, 2006
O meu horóscopo de hoje, no Metro, previsão de Andreia Gaita
terça-feira, novembro 14, 2006
segunda-feira, novembro 13, 2006
A ignorância
Não sei o que é.
Não sei.
sábado, novembro 11, 2006
Pensamento
sexta-feira, novembro 10, 2006
Democracy
quarta-feira, novembro 08, 2006
O meu horóscopo de hoje, no Metro, previsão de Andreia Gaita
domingo, novembro 05, 2006
sábado, novembro 04, 2006
sexta-feira, novembro 03, 2006
Começou a discussão do aborto
Ó, deixa-me perplexa a tua argumentação relativamente ao referendo do aborto. O teu discurso é pródigo em considerações moralistas e acusatórias, dizes que o aborto é atropelar uma vida, que não se pode ceifar uma vida, que abortar é matar (presumo que o faças equivaler a matar um ser nascido), mas depois afirmas concordar com a actual lei. Ou seja, concordas que no caso de mal-formação do feto, não há ali vida. Aí já se pode permitir ceifar um ser humano. Claro, que chatice, ter um filho deficiente, prefiro ter um perfeitinho, bendita liberdade de escolha...
E crianças fruto de violações? Sim, essas também podem ser abortadas, pois foram concebidas em pecado e não foram planeadas nem desejadas (quantas não o são?...). “É triste”, mas concordas. Porquê, santo Deus?
Ou és contra o aborto, todo o aborto, ponto final, ou és a favor da escolha consciente e individualizada. Não consigo encontrar justificação para essas excepções, se atender à forma como dizes conceber o acto de abortar.
Concordo contigo numa coisa: para quê a porcaria do referendo? Há duas razões para se fazer um referendo sobre o aborto. Uma já a indicaste, é o desiderato governamental de nos dar qualquer coisa picante para nos entretermos enquanto nos cortam tudo e mais alguma coisa. A segunda é a cobardia, a falta de tomates para decidir no Parlamento tudo o que tenha a ver com as questões ditas fracturantes.
O meu horóscopo de hoje, no Metro, previsão de Andreia Gaita
Hoje não mexa em vídeos. Só se vai irritar.
quinta-feira, novembro 02, 2006
Manifesto
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
Detesto chuva.
sábado, outubro 28, 2006
sexta-feira, outubro 27, 2006
Curioso...
" Golfinhos e leões também são 'gays'
Girafas, baleias, golfinhos, escaravelhos, cisnes e até leões. Estas são apenas algumas das 1500 espécies em que já foram observados comportamentos homossexuais, como mostra uma exposição patente até ao próximo Verão no Museu de História Natural de Oslo, na Noruega.
Intitulada "Contra Natura?", a exposição pretende questionar a premissa de que a homossexualidade não é natural. "Pensámos que, enquanto instituição científica, podíamos contestar o argumento de que o modo de vida das pessoas homossexuais é contrário aos princípios da natureza", explicou um do organizadores, Geir Soeli.
A exposição recorre a fotografias e reconstituições para dar exemplos de comportamentos homossexuais, em ambos os géneros, entre uma enorme diversidade de espécies. "Desde mamíferos a caranguejos e vermes. Esse comportamento pode ser raro nalguns animais e apenas numa parte da sua existência, mas outros praticam-no durante toda a vida", diz Petter Boeckman, consultor académico da exposição. "A homossexualidade é não só comum, como essencial na vida de numerosas espécies". O chimpanzé-anão, por exemplo, uma espécie que partilha com o homem 99% do seu património genético, é bissexual e usa o sexo para reduzir a agressividade e resolver conflitos. Também entre golfinhos e baleias assassinas a homossexualidade é muito comum. Nestas espécies, a ligação entre machos e fêmeas é efémera, mas entre machos pode durar anos.
O tema foi ignorado durante séculos, com os comportamentos homossexuais a serem considerados como rituais de combate entre machos, mas os primeiros registos de "atitudes equívocas" entre animais, remontam a três séculos antes de Cristo, pelo filósofo grego Aristóteles. "Não eram descritos como actividade homossexual, como pulsão de desejo", diz Soeli. "Mas os animais têm instintos muito fortes. Talvez acasalem simplesmente por ser agradável".
A exposição tem tido muitas visitas, incluindo famílias e crianças, que percorrem sem estranheza a sala do Museu de História Natural, mas não deixou de suscitar críticas. Um comentador americano afirmou que é um exemplo de "propaganda a invadir o mundo científico", enquanto um pastor luterano norueguês foi mais longe e desejou que os responsáveis pela mostra "ardessem no inferno". Outro, da Igreja Pentecostal, disse que o dinheiro dos contribuintes seria melhor gasto a ajudar os animais a corrigir "as suas perversões e desvios ".
DN, 27/10/2006
Já decidi
Em consciência, cumpri o meu dever cívico. O pior português de sempre é D. Sebastião.
Entretanto, outros dos piores, Pedro Santana Lopes, regressou à ribalta para criticar o actual ministro da Economia por ter usado uma frase sua: "A crise acabou". Santana Lopes quer cobrar direitos de autor.
quinta-feira, outubro 26, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
quinta-feira, outubro 19, 2006
quarta-feira, outubro 18, 2006
Os Grandes Portugueses
O que eu acho importante neste programa é que existe um vasto conjunto de portugueses que os próprios portugueses desconhecem ou cuja relevância ignoram, e é sempre bom ir mais além da trilogia Camões-Amália-Eusébio típica do imaginário (se bem que colocar Camões e Eusébio no mesmo plano é daquelas coisas...). Eu tenho a certeza que muita gente não sabe que o primeiro homem a liderar uma viagem de circum-navegação e primeiro europeu a navegar o Pacífico era português e se chamava Fernão de Magalhães. E outros: Ribeiro Sanches, Pedro Nunes, Aristides de Sousa Mendes ou o Papa João XXI são figuras tão marginais porquê?
Talvez seja uma boa oportunidade para ficarmos todos a saber um pouco mais.
Na lista proposta, há também coisas que se estranham, tais como terem incluído Salazar só depois dos protestos pela sua ausência inicial. Ou ainda: João César Monteiro. Estamos a falar do realizador de “Branca de Neve”? (para quem não sabe, refiro que o mero visionamento de um excerto deste filme é uma experiência traumática). Ou ainda o rei D. Sebastião – que eu sabia, trata-se dos “grandes portugueses”, não dos portugueses famosos.
Para que serve a unhaca?
Já dei voltas à cabeça e é sempre árduo compreender para que serve a misteriosa unhaca portuguesa. Há duas hipóteses de partida: ou aquilo serve uma função estética ou uma função prática. Das duas uma. Mas eu recuso-me a acreditar na função estética. Simplesmente porque não posso acreditar que alguém encare a unhaca como um pormenor de estilo. Não quero perder completamente a réstia de fé que ainda tenho na humanidade.
Resta a função prática. A unhaca tem uma função prática, e pelo aspecto da coisa (ou muito escura ou muito amarelecida), verdadeiramente multi-usos. Será provavelmente para remoção / desaparafusamento / limpeza de orifícios humanos / abertura de objectos difíceis. Consta que a unhaca também serve para coçar partes do corpo complicadas de aceder. Servirá ainda para tocar a guitarra portuguesa? (algo me diz que poderá haver também aí uma ligação). Ou seja, os suíços têm o seu canivete, os tugas têm a sua unhaca. Será?
Mas tudo isto não passa de especulação. Fosse eu jornalista, não hesitaria em fazer uma reportagem sobre a unhaca portuguesa e ouvir da boca dos protagonistas porque a ostentam com tanto orgulho.
sábado, outubro 14, 2006
Orhan Pamuk, Nobel da Literatura 2006
" O que é verdadeiramente fatal para a Turquia é não ter uma democracia desenvolvida. (...) Estou a marimbar-me para a questão da União Europeia, contando que a Turquia tenha uma democracia. Quero ser capaz de dizer tudo aquilo que desejo dizer, sem correr o risco de ser linchado por campanhas fascistas ou acabar na prisão "
(El País, 24-09-2006)
quinta-feira, outubro 12, 2006
O fim do Fim da História, II
Em Janeiro de 2002, George W. Bush definiu como grande ameaça à segurança dos EUA (e, por conseguinte, do “mundo livre”) um “Eixo do Mal” constituído pelo Iraque, pelo Irão e pela Coreia do Norte (por esta ordem), como regimes que apoiam e financiam o terrorismo e procuram armas de destruição maciça. Este discurso entrou para o anedotário e Bush foi pela enésima vez chamado de asno. Quase cinco anos depois, os principais problemas dos EUA (e, por conseguinte, do “mundo livre”) são o Iraque, o Irão e a Coreia do Norte. Mas, ao que tudo indica, o governo norte-americano errou de forma trágica: adiou os perigos maiores e entrou a matar com as ameaças menores.
Quem esteve por detrás da decisão de invadir o Iraque, usando o argumento das armas de destruição maciça?
O neoconservadorismo surgiu nos EUA na década de 1960, de intelectuais desiludidos com a extrema-esquerda trotskista, anti-estalinista. Os neoconservadores são, por isso, e como o nome indica, “novos conservadores”, por oposição aos conservadores tradicionais, dos quais é representativa a direita religiosa americana. A grande diferença entre os neoconservadores e a outra direita é que os primeiros são gente com um percurso académico brilhante; são intelectuais, com presença habitual nos centros de pensamento (think tanks), distintos das franjas populistas e ignorantes da outra direita; são internacionalistas, defendem o activismo dos EUA no mundo, dedicam-se sobretudo a pensar a política externa (a direita tradicional é isolacionista). Não obstante, as duas direitas juntaram-se no governo de W. Bush.
Os neoconservadores começaram por ganhar espaço na comunicação social, nos thinks tanks, em inúmeras publicações, jornais e programas de televisão. Nas últimas décadas, têm ocupado lugares importantes na Administração, no Pentágono e nos serviços secretos. Paul Wolfowitz, Donald Rumsfeld, Dick Cheney (governo), Richard Perle (conselheiro), Abram Shulsky (Pentágono), Eliot Abrahms e Stephen Cambone (serviços secretos), Clarence Thomas e Richard Bork (tribunais), William Kristol (fundador do neoconservadorismo americano), William F. Buckley, Robert Kagan, John Bolton e William Bennett são influências decisivas na Casa Branca. Os académicos Francis Fukuyama (“O Fim da História”) e Samuel Huntington (“O Choque de Civilizações”, teorizando um futuro combate entre o Ocidente e o Islão, sistemas antagónicos) são outros neoconservadores muito tidos em conta.
Os neoconservadores herdaram do trotskismo o princípio da exportação da ideologia, neste caso, a democracia americana, entendida como moralmente superior mas permanentemente ameaçada no mundo contemporâneo. Fazem uma crítica cultural e moral às instituições americanas e pretendem recuperar tradições clássicas.
O principal inspirador intelectual do neoconservadorismo norte-americano é um filósofo judeu de nome Leo Strauss, fugido à Alemanha nazi e que se estabeleceu na academia norte-americana a partir da década de 60. Strauss pretendeu, através dos autores clássicos, lutar contra os paradigmas que fazem da sociedade contemporânea uma sociedade nihilista. Tinha um profundo desprezo pelo caos da Alemanha de Weimar, que abriu portas ao nazismo e ao Holocausto, e viu nela um espelho da sociedade americana do pós-II Guerra Mundial, contaminada pelo relativismo e pelo positivismo, onde se tinham perdido os valores da ordem, da moralidade. Deu a receita: para combater a tendência auto-destrutiva da democracia contemporânea, há que recuperar padrões antigos.
Leo Strauss falou do “drama do Ocidente”, de uma civilização que distorceu o seu pensamento metafísico e chegou a um ponto de indefinição existencial. A modernidade, iniciada com Maquiavel, Hobbes e Locke, é produto de uma nova concepção de natureza humana que inevitavelmente desembocou no nihilismo, no humanismo radical ateizante, modificando toda a ideia que temos da existência em comunidade.
Segundo Strauss, a civilização ocidental tem como fontes primordiais dois elementos antagónicos mas factores da vitalidade do Ocidente: a Fé e a Razão, a Bíblia e a Filosofia, Jerusalém e Atenas. Jerusalém (o judaico-cristianismo) é o elemento que representa a moralidade necessária, a ordem, a unidade, a obediência. Atenas representa a Grécia antiga, a racionalidade clássica, uma ordem que reconhece a superioridade intelectual dos sábios e em que a justiça (em Platão, associada à atribuição adequada das funções a cada indivíduo) é a maior virtude. Se é impossível uma harmonização completa entre Jerusalém e Atenas, nem uma nem outra podem ser definitivamente derrotadas, e a sua eterna tensão é fundamental para compreender o Ocidente. Tanto em Jerusalém como em Atenas existe uma consciência semelhante de obrigatoriedade e de obediência. O predomínio de uma tradição sobre a outra resultará na revolta e na violência.
Apesar de ser preferir o espírito crítico ao espírito bíblico, Strauss vê qualquer uma das escolhas, revelação ou razão, como tendo que ser respeitadas. A religião é uma opção que não pode ser refutada. Sendo ele próprio parte de uma comunidade religiosa (apesar de cedo se ter afastado da ortodoxia dos seus familiares), possuía uma forte consciência da sua herança cultural. Refere muitas vezes a religião como factor de coesão, lealdade e sentido moral na comunidade. O ateísmo da modernidade é fruto da pseudo-filosofia que julga que todas as religiões são arbitrárias e que exalta a satisfação dos desejos particulares de cada indivíduo. A religião é a prevenção contra a tendência moderna da perturbação da ordem moral. Começa aqui a componente cínica do straussianismo, pois Strauss foi intimamente ateu e nihilista a vida inteira, como são a maioria dos neoconservadores actuais.
Seja como for, Strauss procura claramente em Atenas a solução para os males da modernidade. A filosofia clássica, sobretudo o platonismo, é o modelo para remediar os excessos e as deficiências do pensamento moderno. A filosofia clássica procura a transcendência enquanto a modernidade baseia-se na imanência. Em Atenas, a noção de Bem traduz-se na vida em comunidade (o homem é um animal social – Aristóteles). Nesta ordem natural, há uma característica hierárquica que deve ser absolutamente respeitada.
Aquilo que Strauss vê em Platão é a verdadeira essência do filósofo, que percebe e defende a causa da filosofia, mas que reconhece que esta pode ser tanto remédio como veneno. Apesar de ser a mais nobre e elevada das diligências (seguida da política), a filosofia constitui uma ameaça permanente para as bases morais e autoritárias da sociedade. O filósofo está acima dos comuns, não vive assaltado pelos mesmos desejos que a grande maioria dos homens. Vive serena e tranquilamente, acima do medo, mas também acima da esperança, situação que provém da sua resignação. O que Platão compreendeu, ao contrário de Sócrates (visto por Strauss como exemplo do perigo da filosofia, por o método socrático consistir no diálogo aberto e interrogativo com os jovens), é que o filósofo deve tomar precauções para impedir que a filosofia agite as fundações da sociedade. Os sábios devem moderar a verdade da comunidade – a exposição da filosofia às massas é um erro trágico.
Leo Strauss não terá sido o primeiro a falar sobre o ensino esotérico, mas é o expoente máximo dessa teoria nos dias de hoje: os filósofos devem recorrer a uma escrita obscura para os textos filosóficos, evitando que as ideias perigosas destruam o equilíbrio da sociedade. Ideias que apenas possam ser entendidas nas entrelinhas pelos sábios ao longo da história. Começa aqui o elitismo do straussianismo: há uma desigualdade erradicável entre os homens, uma hierarquia no topo da qual está um grupo iluminado de pessoas com capacidade para proteger o conhecimento filosófico.
Para Strauss, existe um conjunto de questões fundamentais que ocupam o pensamento dos filósofos, de natureza essencialmente político-teológica. Os filósofos, não pretendendo governar, espera-se que tenham influência determinante junto dos que têm o poder, para que os legisladores tenham uma acção sensata no momento de estabelecer medidas que fortaleçam a sociabilidade dos cidadãos. A difusão da Verdade, da cruel verdade filosófica, seria catastrófica: a de que não existem deuses que castiguem ou recompensem o bem e o mal praticados, que a vida após a morte é uma ficção, que a história da Humanidade não é mais do que uma poeira insignificante do cosmos, que não existem nem Bem nem Mal em si, que a natureza humana é indiferente aos valores e às necessidades humanas. Os filósofos são homens serenos e equilibrados, mais que ateus, são cépticos e epicuristas.
Na governação, é natural e necessário que a verdade seja escondida à grande maioria. Não se trata de manipulação pura e simples, mas sim de evitar, através da noble lie, que o preconceito, a ignorância e a sensibilidade emocional das gentes comuns impeçam a governação política. A dissimulação é necessária em política. Foi com uma noble lie que os EUA avançaram para o Iraque.
Para Strauss, o grande pecado de Maquiavel foi ter revelado a verdade, e aí teve início a modernidade, o antropocentrismo, o humanismo, o individualismo. Maquiavel descreveu os homens como naturalmente egoístas, ambiciosos e sedentos de poder sobre os outros. Interessou-se por aquilo que o Homem é e não pelo que ele devia ser, pela psicologia da política, pelas paixões que inspiram o comportamento político. Com a abertura da filosofia e a emancipação das paixões das massas, a Humanidade progride materialmente, mas cai no vazio absoluto.
A última fase da modernidade, da crise do Ocidente, aquela em que nos encontramos hoje, é segundo Strauss a era do nihilismo. Vivemos uma crise existencial assustadora, estamos completamente livres para criar os valores segundo os quais pretendemos viver. Cada um por si. A modernidade distancia-se cada vez mais da sociedade clássica. É urgente recuperar a filosofia pré-moderna. Com esse intuito, Strauss criou os seus próprios “discípulos”.
Os neoconservadores foram profundamente influenciados pelo straussianismo, alguns deles directamente. Paul Wolfowitz e Abram Shulsky foram alunos de Strauss e de Allan Bloom, o mais proeminente seguidor straussiano na academia norte-americana.
Para os neoconservadores, é fundamental manter a coesão e estabilidade internas e a guerra perpétua é uma das melhores maneiras de o garantir. A diplomacia é um mero jogo de distracção, já que os inimigos são definidos por antecipação. Defendem, internamente, uma sociedade guiada por princípios morais e aí, bebe-se na religião. Os neocons são a favor da religião no espaço público, mesmo que eles próprios não sejam crentes.
Os neoconservadores escolheram a “capital" do império islâmico, Bagdad (que é também a capital do futuro califado ambicionado por Bin Laden), como o ponto de partida da exportação da democracia norte-americana num mundo pós-11 de Setembro. A doutrina Bush previa que o terrorismo e a hostilidade islâmica face aos EUA e, num âmbito mais alargado, ao Ocidente, seriam combatidas com a mudança dos regimes políticos dos países do Médio Oriente. O Iraque, liderado por um ditador decrépito e com uma longa história com a Casa Branca, era apesar de tudo um país laicizado, perfeito para a repetição da experiência por que passou a Turquia que, na década de 1920, foi sujeita às reformas modernas e ocidentalizantes de Mustafa Kemal Ataturk. Noutras palavras, começar no Iraque, contra o qual tinha havido já uma guerra rápida e bem-sucedida, o “efeito-dominó” – coisa que falhara no Vietname.
Os EUA ignoraram o facto de que a sociedade iraquiana está fracturada ao meio pelas duas tendências político-teológicas, o sunismo (40% no Iraque, largamente maioritário no mundo islâmico) e o xiismo, para além da eternamente massacrada minoria curda. Sunitas e xiitas andam hoje envolvidos numa guerra civil interminável nas ruas iraquianas, que servem hoje também como um dos maiores impulsos da tendência terrorista islâmica.
Os EUA ignoraram que invadir o Iraque, destronar Saddam Hussein e fazer daquele país o maior caos à face da terra era o melhor favor que poderia ser feito ao Irão, grande inimigo do Iraque, que à altura ainda tinha um presidente considerado “moderado”. O Irão é um caso à parte no mundo islâmico, é persa e é maioritariamente xiita, e o seu protagonismo sempre foi contrariado por outros países muçulmanos, sobretudo a Arábia Saudita, sunita e árabe. Com o Irão a assumir o papel de líder no confronto com os EUA e nos discursos anti-Israel, o mundo islâmico encontra-se apaziguado perante a ascendência da Pérsia.
Sobretudo, os EUA ignoraram que, se se acreditar efectivamente no choque de civilizações tal como os neoconservadores acreditam, então fazer uma guerra desastrosa no meio do coração do Islão é a última das soluções.
Com um lunático como o presidente da Coreia do Norte, Kim Il-Jong, à solta, os EUA não têm hoje grande capacidade para fazer valer a sua autoridade nem os seus esforços diplomáticos, aos quais foram dados prioridade na 2ª Administração, com a ascensão de Condoleeza Rice e o afrouxamento da tendência neoconservadora em detrimento da realista.
Conclusão: o “Eixo do Mal”, se não existia antes, existe hoje. E o ar anda por estes dias praticamente irrespirável.
segunda-feira, outubro 09, 2006
O fim do Fim da História
Pobre Ocidente.
domingo, outubro 08, 2006
5 estrelas
sexta-feira, outubro 06, 2006
Isto sim, é serviço público de televisão
A RTP, naquelas rubricas educativas sobre como falar português decentemente, teve hoje uma ideia de génio. Pois não é que foi buscar o líder espiritual incontestado da maioria da população tuga (6 milhões no rectângulo, 14 milhões no mundo, dizem as "estatísticas"), o Xô Luís Filipe Vieira, como o exemplo a não seguir! Gosto mesmo destes tipos da RTP... Esclareço: numa entrevista recente a Judite de Sousa, LFV disse "hádem" em vez de "hão-de". Mais uma para a lista de atropelos à Língua.
Sempre me fascinou Luís Filipe Vieira. Repare-se no porte, na beleza, na elegância, na nobreza. Toda a portugalidade ali concentrada, toda a boçalidade típica, aquele dialecto com que comunica com os seus semelhantes - sempre completo com o "hum" no final de cada frase - , o papel de "Justiceiro" que encarna na missão patriótica de limpar o emporcalhado futebol português (visando-se a si próprio, o que é de enaltecer), são coisas de me fazer vir lágrimas aos olhos. Luís Filipe Vieira faz jus ao cargo que ostenta e não há nada melhor do que o homem certo para o lugar certo.
Acreditavam no Pai Natal
Acho um tanto ou quanto exageradas as reacções do povo húngaro nas ruas de Budapeste. Hoje foram mais 50 mil a exigir a demissão do primeiro-ministro, após a divulgação de uma cassete em que este dizia que o governo tinha mentido para ganhar as eleições. Eu cá, quando ouvi a notícia, só me deu para bocejar. O governo mentiu para ganhar eleições? Banal.
Gente ingénua, estes húngaros.
sábado, setembro 30, 2006
Uma geração enganada
“ Em poucas áreas os equívocos foram maiores do que no ensino. Em Portugal, inquéritos à origem social dos estudantes e contas sobre o rendimento previsível dos licenciados levaram sistematicamente à ideia de que um diploma era um “privilégio”: para os bem-aventurados, era uma forma de se reproduzirem; para os outros, um meio de ascenderem. Era de facto assim. Mas a partir daí imaginou-se que a questão era expandir esse “privilégio” administrativamente, de maneira mais barata e expedita. A facilidade passou a ser encarada como um princípio de justiça social. A mínima referência à qualidade levava a suspeitas de “elitismo”.
Gerações sucessivas atravessaram um sistema de ensino calafetado em geral contra qualquer forma de avaliação externa, onde a aquisição de competências e conhecimentos foi frequentemente secundária em relação a objectivos de suposta inclusão social. Durante anos, enquanto o Estado, sempre em expansão, absorveu metade dos licenciados, tudo correu mais ou menos bem, por entre discussões inconclusivas acerca das “reformas estruturais”.
Foi assim quase até ao verão de 2005. Então, subitamente, o mundo mudou. Agora, talvez demasiados jovens estejam condenados a descobrir que passaram pelo equivalente escolar das fábricas de têxteis e de calçado mais obsoletas. Pedem-lhes agora para competir num “mercado global”. Hão-de perceber, da pior maneira, que o sistema de ensino não os habilitou verdadeiramente para nada que não fosse o mundo que acabou. Que vão fazer? Ou antes: que podem fazer?
Houve em Portugal gerações que gozaram a festa. Haverá um dia gerações que já não vão esperar festa nenhuma. Mas há, neste momento, gerações que foram convidadas para uma festa que acabou antes de eles chegarem. Histórias destas nunca terminam bem. ”
Rui Ramos (Público 28 SET 2006)
domingo, setembro 24, 2006
The miseducation of JFFR
No dia seguinte, vi na rua um enorme cartaz promocional da nova novela, que anunciava: “O filme das nossas vidas”.
Em toda a minha ingenuidade, formulei, incrédula, esta questão para mim mesma: Meu Deus, é isto a vida?
sábado, setembro 23, 2006
Shaná Tová
No calendário judaico, marca-se hoje o início de 5767. Celebra-se Rosh Hashaná, o começo de um novo ano. Em simultâneo, comemora-se o aniversário da criação do Homem. Conta-se que desde aí, cinco judeus mudaram o curso da História.
Houve Moisés, que disse: "TUDO é a lei".
Veio Jesus, que anunciou: "TUDO é amor".
Surgiu Marx, que afirmou: "TUDO é capital".
Freud apareceu então, para chocar: "TUDO é sexo".
Einstein, por fim: "Tudo é RELATIVO".
Balanço provisório
Curiosa foi a entrevista do director do SOL, José António Saraiva, à Judite de Sousa, em que dizia que o novo semanário ia ser muito apelativo junto do sector feminimo e que também por isso o SOL seria um projecto inovador. Porquê?, perguntou Judite. Responde JAS: "Sei lá, tem uma coluna sobre sexo da Margarida Pinto Rebelo e uma secção de jardinagem, por exemplo".
segunda-feira, setembro 18, 2006
CARTA ABERTA AO MUNDO ISLÂMICO
Parece que andas irritado connosco e que exiges um pedido formal de desculpas do Papa. Andámos outra vez a falar do vosso Profeta e, como civilização decadente que somos, parece que nunca queremos saber da vossa hipersensibilidade. Shame on us.
Mas caro Mundo Islâmico, se me permites, eu já há muito que espero um pedido de desculpas da tua parte e esse dia nunca chegou. Por isso, querido Mundo Islâmico, de civilização para civilização, já que vamos entrar numa de diplomacia, gostava que tu me pedisses desculpa pelos seguintes acontecimentos:
- por o Bin Laden e os seus amigos terem dito que pretendiam recuperar o Al-Andaluz para o Islão. É irritante, sobretudo para quem vive aqui na Ibéria...
- por os Talibãs terem destruído à bomba uma das grandes obras de arte da humanidade, os Budas de Bamyan. Foi extremamente desagradável...
- por cada vez que vocês são acusados de violentos, vocês sairem às ruas para protestar com... mais violência. É confuso, sobretudo para as nossas esquerdas, sempre a dizerem que vocês no fundo são bons rapazes...
- pelo assassinato de Theo Van Gogh. Que diabo, um homem já não pode fazer um filme...
- por o Presidente do Irão já ter dito mais que uma vez que o Holocausto nunca existiu e que Israel deve ser apagado do mapa. Que querem, fico também eu hispersensível nessas alturas...
- por enforcarem homossexuais na praça pública. Estou a chatear-vos em demasia com esta coisa insólita dos direitos humanos?
- por os Talibãs terem, durante 7 anos, obrigado as mulheres a saírem à rua embrulhadas como se fossem uma mercadoria. É só que é inestético, choca-me...
- por em Londres terem sido exibidos cartazes que diziam “Freedom Go To Hell”, “Behead Those Who Ofend Muhammed” e “ Islam Will Rule the World”. Sinto-me ofendida...
- pela sentença de morte lançada sobre o Salman Rushdie. É simplesmente ultrajante...
- por acharem que os Judeus devem ser todos atirados ao mar e não terem qualquer pudor em declará-lo. Podias, querido Mundo Islâmico, pelo menos ser um bocadinho mais polido?
- por me chamarem cruzada, infiel, decadente, a toda a hora. É chato...
- por um desenho do vosso Profeta ter dado direito a Embaixadas destruídas, bandeiras queimadas, gritos de guerra e declarações de ódio. Se vocês andam de mal com a vida, não descarreguem as vossas frustrações em nós...
- pela decapitação de Daniel Pearl e todos os outros jornalistas . Ainda hoje espero um pedido de desculpas...
- por os vossos mais encarniçados líderes se terem associado aos comunistas e neonazis do lado de cá. Havia necessidade de reavivarmos velhos fantasmas? Havia?
- por terem saído à rua para festejar a queda das Twin Towers. Em duas palavras: mau gosto...
- por terem trazido a poligamia para o centro da Europa. É indecente...
- e, last but not least (muito ficou por enumerar), por Nova Iorque, Bali, Casablanca, Madrid, Cairo, Istambul, Jacarta, Amã, Beslan, Londres, Bombaim - e Israel desde sempre.
Exijo um pedido de desculpas. Já.
Atenciosamente,
JFFR
quinta-feira, setembro 14, 2006
Não percebo
segunda-feira, setembro 11, 2006
domingo, setembro 10, 2006
Sobre Ele, II
Traduz-se no maior paradoxo de todos: a angústia de querer saber o futuro quando desconhecê-lo é a mais desejável forma de ignorância. O medo é a dor por antecipação.
Mas não é altura para pensar nisto.
Amanhã é dia 11 de Setembro.
sexta-feira, setembro 08, 2006
Notícias frescas do fabuloso universo do Islão
Lindos países, estes.
Os camelos ainda são permitidos
quarta-feira, setembro 06, 2006
.
Ontem à hora do jantar, para além de ficar sem vontade de comer, veio ao de cima toda a veia nihilista que há em mim.
Uma investigadora portuguesa foi assassinada. Vejamos os pormenores: uma mulher cheia de boa vontade (queria contribuir para um mundo melhor, dizia ela) foi até ao lugar mais remoto do mundo - os confins da floresta amazónica - para concluir a tese de doutoramento, e encontrava-se a tomar banho numa zona isolada; por ali andava um ex-presidiário regenerado (mulher e filhos) que, por ter andado a beber, se encontrava desvairado. Resultado: ela é violada, espancada, asfixiada, arrastada e deixada a apodrecer num ermo.
Esqueçam todas as boas intenções. Não há sentido num mundo em que estas duas criaturas se cruzam no local mais inóspito da terra e o mau destrói o bom desta maneira. Por absolutamente Nada.
domingo, setembro 03, 2006
sábado, setembro 02, 2006
quinta-feira, agosto 24, 2006
Giro, giro...
"Era uma bomba atómica, ó saxabor"
... é ir ao blogue do presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, o homem com cara de emplastro. Já dizem os mais sábios, isto hoje em dia qualquer matrapilho tem o seu blogue.
Mahmoud pergunta-nos: Do you think that the US and Israeli intention and goal by attacking Lebanon is pulling the trigger for another word war?
O povo responde: NÃO (72%) - ups ...
Mahmoud já devia saber que a democracia é perniciosa!
Três indícios perigosos numa só semana
- a não publicação das contratações do Estado no Diário da República
- o silêncio do Governo perante as acusações de "controlo informativo" directo sobre a RTP
terça-feira, agosto 22, 2006
Porque há gente tão imbecil?
Saudação do Hezbollah: qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência
Se há ocasiões em que é possível observar a predominância pestilenta do marxismo na opinião pública portuguesa é quando lhes cheira a Israel e EUA. Quando é esse o caso, qualquer um acha que é legítimo meter o bedelho. Na verdade, o mundo é só EUA e Israel, visto que Miguel Portas e os bloquistas foram a Beirute com grande aparato, mas depois, para espanto meu, esqueceram-se de passar também pelo Darfur e pelo Sri Lanka, onde decorrem massacres e genocídios em larga escala.
Circulou há tempos um abaixo-assinado idiota, subscrito por gente ilustre da nossa praça, que, pedindo um cessar-fogo no Líbano, dizia textualmente que toda a guerra no sul do Líbano era um acto deliberado dos americanos e dos israelitas para “desestabilizar o Irão e a Síria”. A maneira como conseguem pôr as coisas ao contrário deixa-me parva.
Depois, já no máximo culminar de textos histéricos anti-Israel e anti-EUA, aparece a doutora Isabel do Carmo (em foto ali acima) em grande estilo. Segundo a doutora Carmo, “o Hezbollah não é uma organização terrorista”. Esta mulher sabe do que fala, ou não tivesse ela estado presa durante quatro anos por envolvimento em atentados terroristas das FP-25. Terrorismo, não. O Hezbollah é um “movimento de resistência” (Miguel Portas).
O que esta gente merecia era viver numa sociedade a la Hezbollah, a la Síria e a la Irão (tão mas tão desestabilizados após o cessar fogo que continuaram a enviar armamento ao Partido de Deus), com tudo o que eles cá deste lado do mundo condenam: com uma teocracia fascista, com penas e castigos medievais, com mulheres reduzidas a objectos, com homossexuais condenados à morte e com vídeos "educativos" para crianças sobre como se tornar bombista suicida à hora da Rua Sésamo.
quarta-feira, agosto 02, 2006
terça-feira, agosto 01, 2006
Em defesa de uma causa nobre
Desde que eu revelei ao mundo que sou fã de Justin Timberlake que tenho sido perseguida por isso. Há quem me queira impôr uma censura musical. Pois eu digo basta! Faço um apelo a todos aqueles que, como eu, gostam de Justin Timberlake mas que são obrigados a praticar o seu culto na extrema privacidade: vamos todos gritar BASTA! O Justin vai lançar um novo CD em breve e eu não estou para ouvir ais nem uis!
Tenho até um argumento de peso: conheço pelo menos três ditos “intelectuais” da música, que lêem o Blitz e ouvem carradas de bandas de nomes estranhos e dúbios, que dizem que Justin Timberlake é bom. Portanto eu sei que estou certa.
segunda-feira, julho 31, 2006
O povo e a feira, a feira e o povo
Na outra banca de rifas, não longe dali, estava lá uma concentração impressionante de povo e o feirante berrava ao microfone que o presunto a sorteio era delicioso.
Porque têm uns tantos e outros nada?
Outra questão metafísica: que loucura é esta agora com as Farturas da Luizinha? Tudo bem que o povo tinha ficado órfão das Farturas do Penim desde que a Feira mudou de sítio, mas esta nova histeria era de todo desnecessária. Eu ouvi, juro que ouvi, uma velhota a dar graxa de forma escabrosa à Sr. Luizinha quando lá foi comprar seis farturas.
O povo. O povo é aquela coisa.
quarta-feira, julho 26, 2006
As esquerdas anti-semitas
Disseram lamentar a chacina mas no íntimo rejubilaram. O poderio norte-americano, a democracia representativa, a civilização ocidental, tudo isso era posto em causa por uma horda suicida. Não faltaram os malabarismos intelectuais repugnantemente apologéticos.
No conflito palestiniano, os pós-soviéticos não se impressionam com a perda de vidas civis causada pelo terrorismo em Israel (e ainda menos com os sucessivos genocídios que têm vitimado milhões de seres humanos em África).
É característica do terrorismo a componente civil da acção violenta e a sua ocultação na sociedade, para tentar impedir uma repressão ou para engendrar dramáticos argumentos invocando as vítimas civis quando ela ocorre, porque tudo se faz para que assim seja.
É verdade que, da parte de Israel, há excessos condenáveis nessa repressão. Mas os pós-soviéticos descontextualizam tudo. Não perdoam a Israel que seja um Estado de Direito e lute firmemente pela sobrevivência. Escamoteiam sempre os termos periclitantes dessa sobrevivência. Omitem que, desde há décadas, se deve ao mundo árabe uma tremenda sucessão de ataques, tanto militares como terroristas, com vista à aniquilação de Israel, e que os radicais islâmicos e palestinianos nunca aceitarão a existência do estado judeu.
Nunca lhes fizeram mossa as actividades do Hamas e do Hezbollah, nem o não desarmamento deste no Líbano (contrariando a decisão da ONU), nem a colaboração da Síria e do Irão no sustento logístico e na operacionalidade da organização.
Não se preocupam com o facto de o Hezbollah não bombardear unidades militares, mas sim as populações. Aí, calam-se circunspectamente.
Formalistas sempre que lhes convém, angelizam o terrorismo. Exaltam o processo das eleições na Palestina, mas não falam na responsabilidade do eleitorado que colocou um grupo terrorista no poder, nas relações desse grupo com o Hezbollah, a Síria e o Irão, nos propósitos explícitos e irrenunciados da fundação do Hezbollah e do Hamas para o extermínio de Israel, na impossibilidade de tomar a sério as suas propostas. Ainda no sábado era noticiado que o Hamas tinha proposto, quanto a Gaza, um cessar-fogo condicionado, mas que dois grupos militares o não aceitavam.
Francisco José Viegas resume lapidarmente a posição dos pós-soviéticos: "Sim, dois estados soberanos. Desde que 1) Israel esteja disponível para ser alvo permanente do Hamas e do Hezzbollah e, 2) que o outro Estado soberano seja uma plataforma para que outros Estados soberanos ataquem Israel sempre que quiserem".
Na sua batota totalitária, desceram tão baixo que até já nem acham que a religião seja o ópio do povo! Tudo serve, desde que aponte a Israel e aos EUA. Nesse caso, centenas ou milhares de mortos já não têm importância nenhuma.
Criticam a UE pela sua passividade, quando se alguma crítica há a fazer-lhe é a de ela ter andado a alimentar, pela ajuda humanitária, algumas das molas reais do conflito e algumas das corrupções mais devastadoras de que há memória na Palestina.
E nutrem um ódio étnico e torpe contra os judeus. Lenine falava na "canalha bundista" e entusiasmou-se com a teorização de Estaline sobre o Bund judaico fundado em 1897.
A acção de Estaline culminou numa repressão feroz contra os Judeus, considerados "o inimigo principal" a seguir a 1945, já depois de conhecido o genocídio nazi. Laurent Rucker fala no seu "anti-semitismo obsessivo" e Pierre-André Taguieff destaca o fenómeno paradoxal e soviético que levava à prática do anti-semitismo e, ao mesmo tempo, à denúncia deste e do racismo.
A absoluta falta de escrúpulos do sinistro ditador levou-o a apoiar a fundação de Israel em 1948. Não por ter mudado subitamente de ideias, mas para desestabilizar a Inglaterra e os EUA, colhendo dividendos para a URSS pela perturbação que contava provocar no mundo árabe. Mas, em 1951, já acusava Israel de conluio com o imperialismo.
Os pós-soviéticos, que nem sequer criticam o negacionismo dos nazis iranianos, mantiveram-se reverentemente impregnados até à medula desse anti-semitismo atávico. Mas indignam-se virtuosamente contra o racismo e a xenofobia. "
Vasco Graça Moura, DN 26 Jul 06
terça-feira, julho 18, 2006
Bush disse "shit"
Entretanto, soube que em Marrocos, um dos países mais "tolerantes" e "abertos" do mundo islâmico, as raparigas de mais de treze anos têm que apresentar um "atestado de virgindade" para poderem frequentar o ensino público e aceder às universidades.
O Islão, seja lá onde for, tem sempre um toque de originalidade e nunca cessa de me surpreender e abismar.
segunda-feira, julho 17, 2006
E agora, para algo completamente diferente
" Quando se trata de Israel
Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de atacar Israel, a tarefa está facilitada em larga escala. Um contingente de meninas idiotas e genericamente ignorantes, que assina peças de "internacional" nas nossas televisões, não se tem cansado de falar na "agressão israelita" e apenas por pudor, acredito, não tem valorizado os "heróis do Hezbollah". Infelizmente, nem a ignorância paga imposto nem o seu atrevimento costuma ser punido. Isolado desde 1947, quando as Nações Unidas decidiram pela criação de dois estados na região (um israelita, outro árabe) Israel não enfrenta apenas a provocação deliberada ou pontual do Hamas e do Hezbollah. Essa provocação tem sido permanente e é ela a razão de não existir na região um estado palestiniano livre e democrático - não o quiseram, primeiro, os estados árabes da região que invadiram Israel mal a sua independência foi pronunciada; não o quiseram, depois, os estados que tutelaram os actuais territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia; não o quis, depois, todo o conjunto de organizações militares terroristas nascidas à sombra da OLP e da figura tutelar de Yasser Arafat, a quem cabem historicamente responsabilidades directas na falência dessa tentativa de criar um estado palestiniano. Quando se trata de Médio Oriente, ou seja, quando se trata de atacar Israel, a tarefa não está apenas facilitada - os caminhos abrem-se para o lugar-comum, como se vê pelas declarações, tiradas a papel químico, de Chirac e de Zapatero, esses dois superlativos génios da política externa europeia. Não passou pelas suas cabeças, uma única vez, pedir responsabilidades ao Hezbollah e ao Hamas pelos motivos que levaram a esta reacção de Israel. Para ambos é, pois, normal que um governo do Hamas possa alimentar uma facção militar independente, que actua em guerra permanente com Israel; é também normal que um estado da região, o Líbano, possa albergar campos militares do Hezbollah, abastecidos pela Síria e pelo Irão, e destinados a atacar um estado soberano - que, além do mais, é o único estado democrático da região; e é para eles normal que Síria e Irão, além de abastecerem duas organizações militares terroristas, se regozijem abertamente com o rapto de soldados israelitas.A preocupação destes diplomatas da recessão é, fundamentalmente, com a "reacção de Israel"; em seu entender, a reacção ideal de Israel seria o silêncio total; Israel devia conformar-se com o seu destino e permanecer como o alvo de todo o terrorismo da região, pacientemente alimentado, aliás, pelos europeus que continuam a manifestar "ampla compreensão" pela atitude dos bombistas suicidas e pelos que disparam rockets a partir de Gaza ou do Vale de Bekkah; Israel deveria, pura e simplesmente, acatar. Evidentemente que nenhum desses cavalheiros pensou pedir ao Hamas, partido vencedor nas eleições dos territórios, eventuais responsabilidades na escalada de violência na região. É para eles natural que o governo do Hamas não reconheça o estado de Israel e esteja a alimentar, com toda a clareza, as facções militares que continuam, naquele folclore infantil de danças e gritos pelas ruas de Gaza, a pedir a eliminação de Israel e a vinda de mísseis iranianos para "destruir o estado sionista". Esse folclore imbecil, sim, talvez os devesse preocupar ele é também pago com contribuições da União Europeia e do seu politicamente correcto. "
Francisco José Viegas, JN 17 Julho 2006
sábado, julho 15, 2006
Estou maravilhada!
segunda-feira, julho 10, 2006
Shiu
If I were a painter
I would paint my reverie
If that's the only way for you to be with me
We'd be there together
Just like we used to be
Underneath the swirling skies for all to see
And I'm dreaming of a place
Where I could see your face
And I think my brush would take me there
But only...
If I were a painter
And could paint a memory
I'd climb inside the swirling skies to be with you
I'd climb inside the skies to be with you
domingo, julho 09, 2006
Hoje há Wimbledon
Eu páro sempre para ver o maior génio do desporto mundial, o maior jogador de ténis de todos os tempos, Roger Federer (é só dois anos mais velho que eu), ainda para mais tratando-se da final de Wimbledon, e sobretudo porque é contra Rafael Nadal. Depois da overdose futeboleira do Mundial, gosto de ser presenteada com a sua antítese desportiva: no ténis, há silêncio, educação, classe e excelência, nos corts e nas bancadas.
sábado, julho 01, 2006
quinta-feira, junho 29, 2006
Insólito IV
Como este é um blogue bem educado, substitui os praguejos por outros símbolos. Quanto ao assassinato puro e duro da língua, não pude fazer nada, porque assim a mensagem perderia todo o encanto inicial. Realço o pormenor valioso, que calha bem numa ameaça, do asterico no final a acrescentar suspense à chantagem psicológica.
De: Joana Gameiro
Enviado: quarta-feira, 28 de Junho de 2006 22:37:55
Assunto: NAO RESPONDES-TE! PORQUE
Hoje foste ao continente com o papa ou com a mama?Nao foi eu vi-te.
Entao p#&a nao disseste nada deves estar toda cagada, com as amiaças. Ja deves saber que o luis pasou de ano.
olha se queres saber quem sou, eu sou a joana a tua pior inimiga nesta terra.Vou-te mais um aviso ao tu acabas com o luis ou *....... a so para saberes eu descobri onde moras p#%a! Nao tenhas medo se for preciso eu dou-te dinheiro para as fraldas!
*ou eu acabo contigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!
quarta-feira, junho 28, 2006
Palavras de que gosto
OBNUBILAR
v. tr.,
causar, produzir obnubilação em;
enevoar;
fig.,
perturbar, turvar;
esquecer, obscurecer
quarta-feira, junho 21, 2006
Boring
Eu bem gostava que tomassem em consideração o bom senso que reina num lugar como o Parlamento, mas parece que hoje em dia já ninguém está interessado em seguir bons exemplos.
domingo, junho 18, 2006
Novas de Mário Machado
Ficámos a saber esta semana que aquela criatura de traços morenos e arabescos que é líder da extrema-direita violenta em Portugal, Mário Machado, arranjou mais um elemento para o seu já invejável currículo criminal. A juntar ao envolvimento em assassinato, ao tráfico de droga e armas, aos sequestros e extorsões, houve também um tiroteio em plena mata de Alvalade há uns dois meses atrás.
Mário Machado tem razões nas coisas que diz: então que Estado é este que deixa os criminosos andar por aí como se nada fosse?
Soubemos também que a extrema-direita tuga anda a tentar negociar com o Irão para o financiamento de uma manifestação anti-semita na Alemanha. Isto já faz mais sentido. Quando ouvi dizer que eles tinham viajado em gang para a Alemanha, pensei logo que não podia ser para apoiar a selecção nacional e festejar o golo do Deco, esse brasileiro que eles tanto detestam, a abrir caminho à vitória lusa.
sábado, junho 17, 2006
quinta-feira, junho 15, 2006
Claramente irrelevante
Pergunta: porque é que o jornalismo que mais chega às pessoas, o televisivo, opta por inundar-nos com as historietas de desavenças entre compadres ali da aldeia, em vez de nos dar a informação que interessa?
Ainda sobre o Portugal-Angola
De resto, andei mais entusiasmada, durante os dias do pré-Mundial, com as notícias da separação de Simão e Filipa Sabrosa e o namoro do Cristiano Ronaldo com a Merche Romero do que com as tácticas do Abominável Homem Gaúcho (=Scolari), porque são coisas com um interesse infinitamente maior. Quanto ao Cristiano Ronaldo, duas coisas boas e uma coisa má em relação a 2004: provavelmente fez um tratamento de pele e aquilo encontra-se num estado relativamente melhorzinho, e já não tem uns papéis por cima dos brincos nas orelhas (vá lá, tirou tudo); o penteado, todavia, está cada vez mais incompreensível.
Quando soube que duas das estrelas da selecção de Angola, o guarda-redes e o lendário ex-SLB Akwá, estavam no desemprego, senti logo uma simpatia sincera pelos palancas e esqueci a selvajaria que foi o Portugal-Angola de 2001 em Alvalade. Eu acho que Angola merecia ter ganho este jogo.
Nós cá em casa, o que gostámos mesmo foi do cabelo de um jogador angolano, que se chama Loco. Cada vez que ele aparecia, nós íamos ao rubro e quase fazíamos a hola mexicana. Chegou para fazer a festa.
Ei-lo:
Espero que Portugal e Angola passem aos oitavos e que o Irão saia esmagado e humilhado já nesta primeira fase, para não termos que aturar uma vinda do Presidente Ahmadinejad à Europa.
E depois estou a torcer pelo Brasil, claro.
terça-feira, junho 13, 2006
Extrema-direita à portuguesa
Manifestante bronco veste t-shirt com dizeres:
"Os direitos que o Estado Novo nos deu os democratas injustamente nos tiraram"
A extrema-direita tuga é bronca.
A da Alemanha dos anos 30 e 40, pronto, ainda reclamava um certo ascendente cultural, inspirando-se supostamente em Wagneres, Nietzsches e outros do género. Mas a nossa é profundamente burra. Só assim se explica o "saudosismo" que estes rapazes (geralmente porteiros de bares de strip, líderes de claque de futebol ou traficantes de droga) nutrem pelo Estado Novo, império multirracial e multicultural. Portugal era do Minho a Timor. Para quem gosta de propangandear a supremacia da raça branca, fica um bocado mal exaltar um regime que conferiu "direitos de cidadania" aos pretos das colónias.
Vamos lá ser um bocadinho mais atentos, caramba!