quarta-feira, dezembro 19, 2007

acabou-se ou talvez não

A Asneirada tem a declarar que não sente vontade de declarar absolutamente nada.

Pior que isso, que não tem nem poderia nunca ter coisas boas e giras para revelar ao mundo, de resto o subtítulo do blogue já devia ter preparado de antemão todos os que aqui entram - "blogue sobre nada". A Asneirada tem a declarar que não lhe subjaz razão alguma para existir nem subsistir, a não ser um instinto primário e infantil de marcar território (como os gatos) e montar um estaminé no mundo virtual.

A Asneirada tem a declarar que a sua proprietária não tem pachorra, definitivamente, para abrir o blogger, pôr o e-mail e a password, escrever o texto e linkar quando tem que ser, deixar a sua opinião e contribuir para mudar o mundo. A Asneirada é profundamente céptica, ultimamente encolhe os ombros a quase tudo, e não se leva minimamente a sério. A Asneirada declara ainda que não terá paciência, vai-se já avisando, para comments e reacções do estilo "mas que post foi aquele, pá??".

A Asneirada declara que este blogue é, quanto muito, uma perda de tempo na vida da proprietária. Pois esta, em vez de ter aberto o blogger, inserido o e-mail e a password, e escrito um texto (sem links, felizmente) que não vai de todo mudar a vida da humanidade, devia estar a ler «Platon et le Simulacre» de Deleuze, e se querem que eu diga sobre o que é, apenas posso dizer que não faço a mais pálida ideia, mas está na bibliografia obrigatória do meu mestrado.

A Asneirada tem a declarar, não obstante o óbvio desprezo pelo seu conteúdo, que nunca está satisfeita com o seu aspecto e que precisa de ir frequentemente ao cabeleireiro e à manicure. Mais vale parecer do que ser, é o que isto significa. A Asneirada reconhece e não tem problemas em admitir que é um blogue fútil. Se subsistir, nova ida ao salão já está marcada na agenda.

A Asneirada declara que a sua proprietária sente que não pode continuar a desperdiçar o seu tempo com a sua Criação, pois acredita que se não é hoje uma pessoa melhor, mais valorosa e mais íntegra, é porque desgraçadamente o dia só tem vinte e quatro horas (e oito delas são para passar na cama) e porque ao longo dos últimos tempos foi obrigada a fazer escolhas difíceis e definir prioridades que a afastaram dos seus companheiros de rumo de sempre. A proprietária d' A Asneirada sente-se genuinamente triste e derrotada por isso.

A Asneirada declara que a sua proprietária acaba de atravessar o pior ano da sua vida. Este é por isso o último texto de 2007. Que este ano acabe o mais rapidamente possível, é o que deseja a Joana, que está cansada e que já não aguenta viver nele (2007) muitos mais dias. A Asneirada deseja a todos portanto um bom Natal, já que o seu próprio não será grande coisa, e que deixem todos para trás este ano tão nefasto. Em 2008, logo se vê se o blogue continua.

manifesto extremamente irritado

odeio chuva com todas as forças do meu ser

e quem diz que gosta do Inverno, das duas uma: ou não sabe o que diz ou então adora sofrer!

sexta-feira, dezembro 07, 2007

grandíssima descoberta

Alecrim às Flores - Travessa do Alecrim, Lisboa


Lombos de dourada com molho de azeite, limão e coentros, e cubos de salmão com molho de vodka. Grande noite.


Referência obrigatória à inevitável Inês, a maior conhecedora de restaurantes que esta cidade já viu nascer.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

terça-feira, dezembro 04, 2007

4 de Dezembro

Hoje comemoram-se 27 anos sobre (acidente? atentado?) a morte de Francisco Sá Carneiro, Snu Abecassis e Adelino Amaro da Costa em Camarate, e é também o dia de anos da minha mãe.

Eu nasci a 11 de Setembro e o meu pai a 11 de Março.

Por tudo isto, já sei quando será a próxima tragédia de contornos presumivelmente assassinos: a 6 de Setembro, que é quando faz anos o meu irmão.

sábado, dezembro 01, 2007

parabenização

Soube agora que o Bobina e Desbobina (aqui à esquerda na secção "amiguismos e clientelismos") apareceu na página de blogues do Público.

Isto é nitidamente a malta de CPRI 2001-2005 a subir na vida.

Parabéns!

perderam a cabeça!


Esta é a grande notícia da semana. Qual cimeira de Annapolis, qual Portela + 1, qual greve da função pública...

A cabeça que se lembrou de um nome destes para operadora de telemóveis, que após longo retiro para reflexão chegou à conclusão que "fónix" é a expressão ideal apelar às camadas jovens deste país, é um génio do marketing.

quinta-feira, novembro 29, 2007

artistas emergentes

Jorge Cruz

"galo de combate"









Espero um dia ter este quadro na parede do meu escritório.

domingo, novembro 25, 2007

I lost myself on a cool damp night
I gave myself in that misty light
Was hypnotized by a strange delight
Under a lilac tree
I made wine from the lilac tree
Put my heart in its recipe
It makes me see what I want to see
and be what I want to be
When I think more than I want to think
I do things I never should do
I drink much more than I ought to drink
Because it brings me back you

Lilac wine is sweet and heady, like my love
Lilac wine, I feel unsteady, like my love
Listen to me... I cannot see clearly
Isn't that she coming to me nearly here?
Lilac wine is sweet and heady, where's my love?
Lilac wine, I feel unsteady, where's my love?
Listen to me, why is everything so hazy?
Isn't that she, or am I just going crazy, dear?
Lilac Wine, I feel unready for my love,
feel unready for my love

sábado, novembro 24, 2007

Grandes tretas














"sou melhor cantora pelo facto de ser médica, porque percebo o que são as pessoas no dia-a-dia, ouço as suas queixas, sei que não têm dinheiro para medicamentos
"


Katia Guerreiro às Selecções do Reader's Digest


Katia Guerreiro é aquela mulher, médica e fadista que cada vez que dá opinião, começa sempre assim: "Eu, como mulher, médica e fadista, penso que...".

quarta-feira, novembro 21, 2007

Convalescente

Após uns dias violentos e extenuantes (até ao hospital fui levar soro - sim, sim, eu não me canso de reforçar este pormenor) com uma gastroentrite, eis-me de volta, ainda não totalmente recuperada mas já pronta para algumas curvas. Neste processo, cheguei à conclusão de que afinal não gosto dos chás da Rituals (belíssima marca para outros produtos), são praticamente todos iguais com aquele travo amargo. Da doença surgem por vezes reflexões e conclusões importantes.

Por isso, e porque na verdade não tenho nada de interessante para dizer (apesar do apoio que amigos me prestam na caixa de comentários :) ), deixo-vos com um momento lúdico, na music box para esta semana: José Cid anotado.

Beijinhos a todos e até breve

sábado, novembro 03, 2007

Objectos de charme


my beloved moleskine

quinta-feira, novembro 01, 2007

Três dias que vão saber a eternidade



Boa viagem e bons passeios por Camden Market...

*

terça-feira, outubro 30, 2007

Futurologia




O mesmo que o ano passado.

Oito jogos, oito vitórias, oito pontos de vantagem.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Recomendação e indagação


Recomendo vivamente a Time Out Lisboa. Começará por certo a fazer parte dos meus rituais semanais.

Uma objecçãozita apenas. A única parte má foi a secção "gay", dedicada a "Deborah Kristal", a/o (nunca sei) travesti mais famoso de Lisboa.

São coisas que irritam. Já o Pride 2007 na Praça do Comércio (auto-intitulado "lésbico, gay, bissexual, transgénero e hetero") não passou de um desfile horrendo de transformistas em palco.

A pergunta impõe-se: PORQUE RAIO?

domingo, outubro 21, 2007

Brejeirice

É impressão minha ou os Gatos Fedorentos vão de mal a pior? O Diz Que É Uma Espécie De Magazine faz-me lembrar O Herman quando começou a descambar para a ordinarice. Que pena! O que ainda salva o programa são os tesourinhos deprimentes da televisão portuguesa (mas se eu pudesse escolher, sem os comentários dos Gatos pelo meio).

sábado, outubro 20, 2007

A sugestão do Chef

Eu sei que há quem me acuse de fazer uma publicidade desmesurada a este restaurante, mas a verdade é que desde que o comecei a recomendar, toda a gente passou a ser fã. Eu adoro adoro adoro este sítio. O Spaghetti Mamma Rosa é delicioso e só de pensar nele fico a salivar.

O Mamma Rosa fica na Rua do Grémio Lusitano, no Bairro Alto, e é a antítese dos novos restaurantes italianos que querem ser ultra chiques e sofisticados na decoração e nos pratos. É pequenino, parece uma casa de lenhador, tem toalhas à italiana (riscas cruzadas verdes e brancas) e aquele ambiente intimista. É o máximo!

Adenda: a Inês passou por aqui e sentiu-se muito sentida por não ter sido referida na descoberta do Mamma Rosa. Fica a homenagem à senhora que mais sabe de restaurantes na capital de Portugal (a sério, she's the one).

quarta-feira, outubro 10, 2007

Ela está em Bilbao



é este o rio de que me falas?









A pessoa que é, por si só, a definição exacta e perfeita de amizade, encontra-se neste momento noutro país, a cuidar de si (e só faz é bem). Se quiserem saber que pessoa extraordinária é essa, têm que se deslocar até Bilbao. É a Marta. Muitos beijinhos e muitas felicidades nessa tua aventura, e um até breve já cheio de saudades.

Faz-se o que se pode

Este blogue pode ter conteúdos de porcaria, mas pelo menos tem muito bom ar.

sábado, outubro 06, 2007

Não estou nessa droga








Cada vez mais se me revela que o Hi 5 é um antro de descerebrados, cultivado por descerebrados e feito propositadamente para os descerebrados deste mundo se expressarem. Como é possível que as pessoas exponham tanto da sua vida, mostrem trinta mil fotos suas (na escola, no jardim, no centro comercial, na casa de banho), revelem informações pessoais e se submetam ao ridículo de forma tão consciente? Sim, o que leva as pessoas a quererem ser ridículas? - se isto não é intrigante, eu não sei o que é!


E como é possível que gente com idade para ter juízo tenha perfil no Hi 5? Ao que parece, a página pessoal no Hi 5 consta de muitos CVs profissionais. Este antro de badalhoquice não é um exclusivo para teenagers, os pais também andam lá.


É pois com prazer que digo...


NÃO ESTOU NO HI 5 E TENHO ORGULHO NISSO! (espero que este slogan se torne moda)

sexta-feira, setembro 21, 2007

Inacreditável

Não sei se as informações disponibilizadas no site da Câmara Municipal de Lisboa são ou não fidedignas, actualizadas ou rigorosas. No entanto, está lá disponibilizada uma lista das "divisões", "departamentos" e "unidades" que compõem a autarquia (não sei qual seja a diferença entre todas elas), cada uma com o seu próprio númerozinho de telefone. Vejam e digam-me se isto é normal:


Departamento de Abastecimentos

Divisão de Apoio Administrativo e Financeiro

Divisão de Apoio à Assembleia Municipal

Divisão de Apoio à Acção Social Interna

Divisão de Análise e Controlo Financeiro

Divisão de Apoio à Câmara Municipal

Departamento de Ambiente e Espaços Verdes

Divisão de Auditoria de Finanças e Operações

Departamento de Auditoria Interna

Divisão de Apoio Juvenil

Departamento de Apoio Jurídico à Actividade Financeira

Departamento de Apoio aos Orgãos do Município

Departamento de Apoio à Presidência

Divisão de Auditoria de Projectos e Actividades

Departamento de Acção Social

Divisão de Apoio Sócio-Educativo

Departamento de Bibliotecas e Arquivos

Departamento de Contabilidade

Departamento de Construção e Conservação de Equipamentos

Departamento de Construção e Conservação de Habitação

Departamento de Construção e Conservação de Instalações Eléctricas e Mecânicas

Departamento de Conservação de Edifícios Particulares

Divisão de Comunicação e Imagem

Divisão de Cadastro Municipal

Departamento de Desporto

Divisão de Equipamentos Escolares e de Apoio à Juventude

Departamento de Educação e Juventude

Departamento de Estudos e Planeamento Financeiro

Divisão de Estudos, Programação e Gestão dos Realojamentos

Divisão de Estudos, Planeamento e Informação

Divisão de Equipamentos Públicos e Licenciamentos Especiais

Departamento de Empreitadas, Prevenção e Segurança de Obras

Divisão de Fiscalização de Obras de Instalações Eléctricas e Mecânicas

Departamento de Formação, Saúde, Higiéne e Segurança

Divisão de Galerias e Ateliers

Departamento de Gestão do Espaço Público

Divisão de Gestão de Frota

Divisão de Gestão de Feiras, Venda Ambulante e Comércio Não Sedentário

Divisão de Gestão de Informação e Apoio Técnico

Divisão de Gestão de Mercados e Lojas

Divisão de Gestão de Obras de Arte

Departamento de Gestão dos Recursos Humanos

Departamento de Gestão Social do Parque Habitacional

Departamento de Gestão Urbanistica I

Departamento de Gestão Urbanistica II

Departamento de Higiene Urbana e Resíduos Sólidos

Gabinete de Fiscalização do Departamento de Higiene Urbana e Resíduos Sólidos

Gabinete de Relações Públicas

Divisão de Informação e Atendimento

Divisão de Intervenção nos Bairros Municipais

Divisão de Inspecção e Fiscalização

Departamento de Informação Geográfica e Cadastro

Divisão de Iluminação Pública

Divisão de Iluminação Pública (Piquete)

Divisão de Informação Urbana Georeferenciada

Departamento Jurídico

Divisão de Limpeza Urbana

Direcção Municipal de Actividades Económicas

Departamento de Modernização Administrativa e Gestão da Informação

Direcção Municipal de Acção Social, Educação e Desporto

Direcção Municipal de Ambiente Urbano

Direcção Municipal de Cultura

Divisão de Gestão de Arquivos

Direcção Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana

Departamento de Monitorização e Difusão de Informação Urbana

Direcção Municipal de Finanças

Direcção Municipal de Gestão Urbanística

Direcção Municipal de Habitação

Divisão de Museus e Palácios

Direcção Municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego

Direcção Municipal de Projectos e Obras

Direcção Municipal de Planeamento Urbano

Direcção Municipal de Recursos Humanos

Direcção Municipal de Serviços Centrais

Divisão de Novas Tecnologias

Divisão de Projectos e Acompanhamento de Obras

Departamento de Património Cultural

Departamento de Protecção Civil

Divisão de Património Cultural

Divisão de Programação e Divulgação Cultural

Departamento de Planeamento Estratégico

Departamento de Projectos Estratégicos

Departamento de Património Imobiliário

Departamento de Planeamento de Infra-Estruturas

Departamento de Obras de Infra-estruturas e Saneamento

Departamento de Planeamento e Projectos

Departamento de Planeamento Urbano

Divisão de Qualificação do Espaço Público

Divisão de Relações Externas e Protocolo

Departamento de Reabilitação e Gestão de Unidade de Projecto

Departamento de Reparação e Manutenção Mecânica

Departamento de Serviços Gerais

Divisão de Segurança, Higiéne e Saúde

Departamento de Segurança Rodoviária e Tráfego

Departamento de Turismo

Divisão de Telecomunicações e Administração de Sistemas

Departamento de Urbanismo Comercial

Unidade de Projecto de Alfama

Unidade de Projecto da Alta do Lumiar

Unidade de Projecto do Bairro Alto e Bica

Unidade de Projecto da Baixa-Chiado

Unidade de Projecto de Chelas

Unidade de Projecto do Castelo

Unidade de Projecto da Mouraria

Unidade de Projecto da Madragoa e São Paulo

Unidade de Projecto do Parque Mayer

Unidade de Projecto do Parque das Nações

Unidade de Projecto de São Bento

domingo, setembro 16, 2007

O meu contributo para o Caso Maddie

Serve o presente post para alertar as autoridades policiais responsáveis pela investigação do desaparecimento da pequena Maddie, bem como todos os portugueses e ingleses e resto do mundo e arredores, que existe uma hipótese que, incompreensivelmente diria eu, ainda não foi aventada: abdução alienígena.

De nada.

quinta-feira, setembro 13, 2007

My workplace



À janela do terceiro andar do número catorze da Rua do Norte, a mais trendy do Bairro Alto.

Mas como é que eu nunca me lembrei disto antes?

Ando a precisar de ânimo na minha vida académica. No ano lectivo que se avizinha, vou ter que preparar a elaboração de uma tese de mestrado, coisa que deve ter pés e cabeça, ao contrário dos "trabalhos" que tenho entregue durante os semestres e cujas notas não têm sido famosas.

Não devo temer, porém! A avaliar pelos temas de certas teses que se fazem por aí, isto de fazer um mestrado pode afinal ser bem divertido e, acima de tudo, genuinamente educativo e construtivo.

Há quem faça teses de doutoramento (de doutoramento, o que é ainda pior) sobre a sexualidade no Capuchinho Vermelho.

"Entre leituras à volta de Proust e de Perrault, com inúmeras entrevistas pelo meio, [Francisco Vaz da Silva, professor no ISCTE] chegou a conclusões curiosas. Afinal, o lobo mau é um lobisomem ("porque fala e muda de pele") e o Capuchinho Vermelho uma adolescente de 14 anos prestes a perder a virgindade. Há sexualidade do primeiro ao último acto. Basta ler nas entrelinhas, diz. Não é por acaso que o Capuchinho chega a casa da avó cheio de flores. "Elas estão associadas à virgindade. Por isso se diz que uma mulher foi desflorada". Das flores, o estudioso avança para a avó do Capuchinho - previamente morta pelo lobo e servida à protagonista numa salgadeira. "O Capuchinho come a avó e bebe o seu sangue, o que simboliza o ritual de passagem de geração. A avó sai da vida sexual activa e a neta inicia-a". Já de estômago cheio, faz um strip para o lobo, o que tem toda a lógica para o antropólogo. "A menina é virgem e está na pujança dos seus 14 anos". Por fim, o lobo come-a. Apesar de insólita, a tese de doutoramento foi bem acolhida pelo meio académico. O professor teve nota máxima no doutoramento (aprovado com distinção e louvor)."

(suplemento sobre pós-graduações da Sábado desta semana)

É sempre hilariante que se tenha que ler Proust e Perrault para descobrir possíveis significados ocultos e profundamente simbólicos em histórias como o Capuchinho. Tenho já uma ideia para a minha futura tese: vou inspirar-me nas obras completas de Freud e Foucault para falar sobre a carga altamente erótica do nariz do Pinóquio.

Deste excerto, gosto especialmente da parte que diz: "já de estômago cheio, faz um strip para o lobo". Muito se diverte esta malta.

terça-feira, setembro 11, 2007

domingo, setembro 09, 2007

Patrocínio



Este blogue apoia Roger Federer no US Open 2007

sexta-feira, setembro 07, 2007

And the winner is


Tcha tcha tcha tcham.... o TOSHIBA SATELLITE A200-1KB !

Core 2 Duo T7 100
1.80 GHz
2 GB memória
Gráfica ATI HD2400
128MB até 895 MB
Ecrã 15.4
Câmara de vídeo 1.3 megpixels


Obviamente, estas especificações são chinês para mim, mas estou certa de ter feito uma excelente aquisição.

588 dias


Todas as oportunidades são válidas para celebrar o nosso amor.
Sobretudo nos dias mais banais.

Hasta la victoria, siempre


Aproximam-se as festividades do partido da ideologia mais sanguinária de todo o século XX: o "Avante!". Um dos grandes motivos de celebração são os noventa anos sobre a revolução de Outubro na Rússia. Na entrevista de hoje ao jornal Público, o secretário-geral do partido, o camarada de Sousa, lamenta que a queda da URSS tenha abrido caminho ao neoliberalismo. Ó tempo volta para trás, que os gulags, as purgas e a miséria igualitária são mil vezes preferíveis à selva capitalista.

Tenho ouvido de vários lados que o "Avante!" é o maior envento cultural no nosso país. Eu acho que isso revela bastante sobre Portugal. Para além do asco que me mete a ideologia e a sua praxis, o que me faz mais confusão são os que tradicionalmente lá vão pela "buba", a bifana e o convívio. Esses, se tivessem dois dedos de testa, não punham os pés numa festa destas.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Arautos dos valores da família

Aqui há dias, o deputado democrata-cristão italiano Cosimo Mele, "arauto dos valores da família", foi apanhado com duas prostitutas, cocaína e álcool num hotel de Roma (o senhor disse depois que tinha sido uma cilada).
Há semanas, Bob Allen, membro republicano da Casa dos Representantes dos EUA e figura de proa na cruzada anti-gay (=anti-deboche), foi preso por tentar aliciar um polícia (macho) à paisana para sexo numa casa de banho pública.
E agora, o senador republicano Larry Craig, outro agitador da bandeira moral tradicionalista, também foi apanhado por um polícia à porta de uma casa de banho com condutas menos decentes!

PORQUE É QUE OS ARAUTOS DOS VALORES DA FAMÍLIA SÃO SEMPRE OS PIORES?

quarta-feira, agosto 22, 2007

Glendalough, Co. Wicklow


Entre os dois lagos do vale de Glendalough (glen-da-lóc), nas montanhas de Wicklow, uma pessoa chega a acreditar que Deus existe para além de qualquer dúvida.
Não longe daqui foi filmado o Braveheart, por a vegetação ser semelhante à escocesa e porque o governo irlandês oferece generosos benefícios fiscais à produção cinematográfica.









O cemitério rodeando a torre redonda e a igreja conhecida como St. Kevin's Kitchen. A lenda diz que os casais que dão três voltas à torre ficam juntos para sempre.Na cruz celta, especificamente irlandesa, o círculo representa o sol, que era um símbolo máximo dos pagãos. Significa, por isso, a conversão da ilha ao cristianismo, após a vinda de St. Patrick. Na era contemporânea, foi infelizmente apropriada pela escumalha da supremacia branca.





Devo registar que o nosso guia, de seu nome Damien, também condutor do autocarro e animador de serviço, parecia o típico white trash hooligan inglês que vem beber cerveja para Albufeira no Verão, com anéis e fios de ouro e uma tatuagem enorme do Celtic de Glasgow no braço. Em suma, parecia do mais bronco possível. Afinal, foi o melhor dos story-tellers.

terça-feira, agosto 21, 2007

Ar puro

Eis Temple Bar. É o centro da vida nocturna de Dublin, onde se situam alguns dos pubs mais conhecidos e procurados, e onde existe um centro musical. É o Bairro Alto lá do sítio, mas mais pequeno, claro. Diferenças? As ruas estão limpas e não cheira a xixi ao sábado de manhã.
Aqui, um irlandês pôs-se à frente na fotografia e disse-me "you gotta know all irish people are crazy!"

Tão simples

Na Irlanda, não se fuma nos locais públicos fechados. Isto significa que neste país é possível ir a um pub ou a um restaurante e não vir para casa com a roupa impregnada de cheiro a tabaco (Deus meu, afinal é possível algures!). Quem quer fumar, levanta o rabo da cadeira e vai lá fora. Os pubs continuam cheios. Parece tão simples que se torna incompreensível o porquê de tanta polémica.

segunda-feira, agosto 20, 2007

O futuro

Um dos grandes temas da vida nacional irlandesa, debatido nos jornais durante toda a semana, foi o resultado dos alunos que obtiveram o Leaving Certificate, o curso final dos estudantes do ensino secundário. Traçaram-se os perfis dos melhores alunos ("the class of 2007"), compararam-se as notas com as de anos passados, falou-se da diferença entre rapazes e raparigas (estas estão a ultrapassá-los). Reflectiu-se seriamente sobre o facto de os resultados nas áreas matemáticas terem piorado. O patronato e as empresas deram a sua opinião: uma população altamente qualificada e virada para a inovação tecnológica é fundamental para a competitividade da economia e o desenvolvimento contínuo do país. Por algum motivo a República da Irlanda é o país que mais cresce na Europa.

Dublin - pequena, amorosa e vibrante

Grafton Street


Ao contrário de Lisboa, diminuída e envelhecida na sua população, Dublin é uma cidade que transborda juventude e encontra-se em expansão. É pequena e não tem sequer metropolitano, o que permitiu que pudéssemos andar muito a pé. As artérias principais, O'Connell Street e Grafton Street (onde há actuações de rua quando o tempo assim o permite) estão sempre cheias de gente frenética, bem como a parte sul do rio Liffey, que divide a cidade e que é o seu verdadeiro centro. Adoro a mistura harmoniosa de cores dos edifícios e das lojas. As portas das casas também têm cada uma a sua cor, conta-se que é assim porque antigamente os homens entravam na casa errada e deitavam-se ao lado de uma mulher que não a sua, quando vinham do pub já bem regados. Os pubs e os cafés estão sempre cheios - SEMPRE. Quem vai a Dublin e se pergunta como é possível existirem tantos pubs (em cada rua existem pelo menos dois) sem que vão à falência, percebe logo: os irlandeses vivem literalmente para os pubs e para o craic (sinónimo para "passar um bom tempo"). E muitos começam a beber às 11 da manhã. Fiquei no entanto com a ideia que eles são malucos mas pacíficos. Houve até alguém que gozou comigo o tempo todo por eu ter acreditar piamente que Dublin é uma cidade sem crime.

Suffolk Street
Houve uma rua que ficou imeditamente baptizada como "a minha favorita" em Dublin: Suffolk Street, onde está a St. Andrew's Church. Achei maravilhosa a forma como as inúmeras igrejas e catedrais da cidade, sobretudo as medievais (Patrick's, Christ's Church, St. Andrew's) parecem ter sido feitas exactamente à medida da cidade dos dias de hoje. Foi aqui que apanhámos o nosso autocarro da viagem às montanhas de Wicklow. E aqui percebi também um pouco o porquê do milagre económico irlandês - eles aproveitam como ninguém o turismo. Só nesse dia, cinco companhias privadas diferentes apanhavam ali turistas para o mesmo destino.



Trinity College Dublin - biblioteca antiga

Ao entrar em Trinity pensei: porque é que eu não pude tirar o meu curso numa relíquia histórica destas? Não, a minha faculdade antiga, na Avenida de Berna em Lisboa, é um antigo quartel com prédios feios e onde se passeiam galos naquilo a que chamam esplanada exterior. E outras coisas inenarráveis.
Em Trinity, encontra-se ainda guardado o Book of Kells, manuscripto magistralmente ilustrado por monges celtas.

verde e laranja



Sempre adorei a bandeira da República da Irlanda. Significa a paz (o branco) entre os católicos (o verde) e os protestantes (o laranja). Mas parece-me que há mais por detrás do simbolismo destas cores. Se vir uma pessoa ruiva de olhos verdes, é muito provável que esta seja descendente de irlandeses. Na ilha, há cerca de cinco milhões. Nos Estados Unidos, são 40 milhões.

Erin go bragh

Na Irlanda, vive um povo extremamente orgulhoso da sua história, da sua gente, das suas tradições, que cuida bem das suas cidades, dos seus campos, dos seus jardins, dos seus escritores e músicos, dos nomes das suas famílias (os pubs e lojas são maioritariamente nomeados assim: Clancy’s, Murphy’s, Flanagan's, Casey’s, Carroll’s, Gallagher’s), que tem um gosto genuíno pela vida e por fazer os outros sentirem-se em casa. Os seus símbolos, o trevo, a harpa, a cruz celta, a Guinness, são representados até à exaustão em cada cidade, rua e casa. A ilha verde, com as suas heranças sobrepostas e riquezas históricas e míticas - a celta medieval, a dos castelos senhoriais, a católica, a das lendas e dos duendes – é um regalo para o olho. Os irlandeses cuidam do que é seu, isso é bonito e é um exemplo para todos. E só é pena que a ilha não tenha sido abençoada com um clima mais convidativo - choveu durante toda a nossa estadia, em pleno mês de Agosto. Este verão foi baptizado como "miserable", mas os irlandeses parecem estar habituados a isto, tanto que um ponta de sol a espreitar entre as nuvens dava azo a expressões como "it's a lovely day".

E há coisas inestimáveis, as quais só nos damos conta quando saímos de Portugal: é tão bom poder andar em ruas onde não exista cocó de cão no chão.


Fotos: Kilkenny, Co. Kilkenny, a "mais bonita cidade interior da Irlanda" - so we were told. A cidade tem um belíssimo castelo, propriedade antiga dos Butler, que dominaram a cidade durante 500 anos. A rodear o castelo, existem jardins extensos de perder de vista. Coisas destas existem por toda a Irlanda.











domingo, agosto 12, 2007

terça-feira, julho 31, 2007

if men could menstruate














What would happen if suddenly, magically, men could menstruate and women could not?

Clearly, menstruation would become an enviable, boast-worthy, masculine event: men would brag about how long and how much.

Young boys would talk about it as the envied beginning of manhood. Gifts, religious ceremonies, family dinners, and stag parties would mark the day. To prevent monthly work loss among the powerful, Congress would fund a National Institute of Dysmenorrhea. Doctors would research little about heart attacks, from which men were hormonally protected, but everything about cramps. Sanitary supplies would be federally funded and free.

Of course, some men would still pay for the prestige of such commercial brands as Paul Newman Tampons, Muhammad All's Rope-a-Dope Pads, John Wayne Maxi Pads, and Joe Namath Jock Shields—"For Those Light Bachelor Days." Statistical surveys would show that men did better in sports and won more Olympic medals during their periods.

Generals, right-wing politicians, and religious fundamentalists would cite menstruation ("men-struation") as proof that only men could serve God and country in combat ("You have to give blood to take blood"), occupy high political office ("Can women be properly fierce without a monthly cycle governed by the planet Mars?"), be priests, ministers, God Himself ("He gave this blood for our sins"), or rabbis ("Without a monthly purge of impurities, women are unclean").

Male liberals or radicals, however, would insist that women are equal, just different; and that any woman could join their ranks if only she were willing to recognize the primacy of menstrual rights ("Everything else is a single issue") or self-inflict a major wound every month ("You must give blood for the revolution").

Street guys would invent slang ("He's a three-pad man") and "give fives" on the corner with some exchange like, "Man, you lookin' good!", "Yeah, man, I'm on the rag!"TV shows would treat the subject openly. (Happy Days: Richie and Potsie try to convince Fonzie that he is still "The Fonz", though he has missed two periods in a row. Hill Street Blues: The whole precinct hits the same cycle.) So would newspapers. (SUMMER SHARK SCARE THREATENS MENSTRUATING MEN. JUDGE CITES MONTHLIES IN PARDONING RAPIST.)

Men would convince women that sex was more pleasurable at "that time of the month." Lesbians would be said to fear blood and therefore life itself, though all they needed was a good menstruating man. Medical schools would limit women's entry ("they might faint at the sight of blood"). Of course, intellectuals would offer the most moral and logical arguments. Without that biological gift for measuring the cycles of the moon and planets, how could a woman master any discipline that demanded a sense of time, space, mathematics—or the ability to measure anything at all?

In philosophy and religion, how could women compensate for being disconnected from the rhythm of the universe? Or for their lack of symbolic death and resurrection every month?Menopause would be celebrated as a positive event, the symbol that men had accumulated enough years of cyclical wisdom to need no more. Liberal males in every field would try to be kind. The fact that "these people" have no gift for measuring life, the liberals would explain, should be punishment enough.

Gloria Steinem, "If Men Could Menstruate"

domingo, julho 29, 2007

É bom



Estou a tentar acabar um trabalho de mestrado in extremis e da janela vem um vento abafado e seco. Adoro noites de verão. Devia ser verão o ano todo, 24 / 7, sem intervalo. Mas de preferência sem trabalhos.

quinta-feira, julho 26, 2007

Morri-me

Aquela minha vida morreu. Toda a existência que eu conhecia alterou-se bruscamente, a ponto de eu me interrogar se serei hoje ainda a mesma pessoa que fui. Joana = Joana? Aposto no não.

E sem, dar conta disso, esta corrente alucinante de perdas e ganhos, e tristezas e alegrias, deixou-me esgotada. E eu tenho uma vontade extrema de chorar, se bem que não sei se tenho forças. Falta-me a energia de uma maneira que nunca conheci. Tenho 23 anos. Talvez seja apenas a falta de sono, que as exigências de uma vida de trabalho numa cidade diferente e a vivência de um amor maior que a vida não são pêra doce.

Perdi tanto nestes últimos tempos. Já convivi tão perto com a morte que esta parece ter passado a fazer parte de mim. O cheiro, o aspecto, o espectro, a iminência, a omnipresença da morte. Ela tem estado tão presente que é como se acordasse ao meu lado, caminhasse junto a mim e se sentasse à minha frente. Parece-me agora que tenho feito um esforço que ultrapassa a capacidade humana. Mas não me apercebi disso.

Perder um pai? Ao início, apesar da dor lancinante incompreensível, nós pensamos: "a vida continua para a frente e tudo o que eu tenho a fazer é honrar a sua memória". Mas depois... há algo que fica permanentemente danificado aqui dentro, algo que continua a moer e a moer e a moer - e, uma vez mais, a gente não se dá conta disso pois está loucamente inebriada com o Amor.


Às tantas, porém, o corpo e a mente ressentem-se. Parece não restar ponta de frémito. Apenas um vazio de perder de vista.

quarta-feira, julho 25, 2007

Já para casa

Há uma deputada do PSD na Madeira, de seu nome Rafaela Fernandes, que, a propósito do não cumprimento da nova lei do aborto na ilha, afirma que "a função das mulheres é a procriação". Eu acho que esta tipa devia ir já para casa parir e sob alta vigilância, não vá ela ter relações sexuais com fins meramente recreativos.

terça-feira, julho 17, 2007

Conclusão do dia

Estou a precisar de férias.

segunda-feira, julho 16, 2007

Um grande bem-haja

Graças a Deus, temos o Dr. Eduardo Sá para nos ajudar a educar as nossas crianças, quando estes pequenos reguilas nos trocam as voltas. O psicólogo clínico, psicanalista e especialista em comportamento infantil e juvenil (é muita fruta!), fala baixinho, tem gestos suaves e compreende que cada criança é um tesouro. Está cá para orientar os pais, atrapalhados perante a complexidade dos pequenos.

Lição de hoje: todas as crianças mentem e isso é perfeitamente normal, o problema é quando dizem mentiras em excesso ou quando nunca dizem mentiras de todo. E, muitas vezes, o que os assusta são os "olhos muito esbugalhados" dos pais quando ralham.

terça-feira, julho 10, 2007

Sexiest man alive


É o melhor tenista da história, Roger Federer.

segunda-feira, julho 09, 2007

Coisas que explicam muita coisa




Na livraria da Fnac do Chiado, a secção de ciência política dá direito a prateleira própria a dois autores apenas: Noam Chomsky e Edward Said.

Na sociologia, o Boaventura de Sousa Santos também é rei e senhor.

domingo, julho 08, 2007

Assim é que era bonito

A minha lista:

Taj Mahal
Estátua da Liberdade (assobiada pelo povão idiota no estádio da Luz)
Grande Muralha da China
Machu Picchu
Coliseu de Roma
Petra
Torre Eiffel

quarta-feira, julho 04, 2007

And the winner would be


O site das 7 novas maravilhas é o caos. Já tentei ir lá votar três vezes , mas tudo indica que não vou conseguir ficar na história (oh...). Mas se votasse, votava nesta grande coisa : a Grande Muralha da China. Só porque se vê do espaço.

segunda-feira, julho 02, 2007

Rititi rules











AMORES DIFERENTES, DIREITOS IGUAIS
(Crónica publicada no DNA em Julho de 2005)

Aprovada a legalização dos matrimónios homossexuais, alterado o Código Civil e exterminados com muita pena minha os conceitos «marido e mulher» do discurso legal, bem-vindos sejam ao Território Zapatero, o país mais moderno da Europa, o paraíso da tolerância e do respeito à diferença. O Presidente do Governo está feliz, gays e lésbicas abraçam-se e fazem planos de boda, com bolo de noiva e avós chorando à mistura, e eu abro uma garrafa de Möet Chandon para comemorar a banalização de relações e amores tão normais quanto o meu. Desmistifica-se com a legalidade o que deveria ser do foro estritamente privado – enquanto ninguém tem nada a ver com quem dorme o vizinho – e acaba-se de uma vez por todas com a estupidez de não se poder herdar, pagar impostos em conjunto ou ter direito a onze dias úteis de férias de casamento nas Maldivas com tudo incluído. E mais útil ainda: ser gay deixa de ser um lobby, uma razão de exclusão e a desculpa perfeita para fazer o ridículo nos bares chunga-chunga a dançar Rafaela Carrá. A partir do dia 30 de Junho, em Espanha só sente discriminado sexualmente quem tem a cabecinha mal arrumada e problemas de cama por resolver.
E pronto, aqui deveria acabar esta converseta sobre formas de viver. Uma vez ratificada pelo Rei, a alteração da instituição familiar já está nas ruas e cada um pode seguir com o seu rame-rame do costume, tentando ser um bom pai, não mentir à mulher e não conduzir com os copos. Todos, claro, excepto a Conferência Episcopal, o Foro Español de la Família e o Partido Popular, os Temíveis Anjos Vingadores e Guardiães da Família. Da tradicional, claro. Da deles. Uma manifestação multitudinária no dia 18 de Junho juntou os defensores da tradição e dos valores que «importam», pondo a família em maiúscula e as crianças na frente, com bandeiras de Espanha e carinha de pena.
Aos bispos é normal que lhes repugne a relação de dois paneleiros reconhecida pelas instituições do Estado, tendo em conta o Catecismo da Igreja Católica, a sua concepção da homossexualidade e os dois mil anos de existência. Esquecem-se que a lei não os condena a celebrar este tipo de matrimónios – civis e sem efeito perante a lei de Deus – e que Espanha é um estado laico, aconfessional e que já não é obrigatório ser baptizado. Esquecem-se que nem todos os católicos partilham esta visão rígida do amor ou que até existem gays que acreditam que Maria foi virgem e Cristo o Filho de Deus.
Já o Foro da Família, cuja página na Internet proclama o direito dos meninos a terem só um pai e uma mãe, não se insurge contra os gays nem a regularização da sua união sempre que não se lhe chame «matrimónio», porque «matrimónio» é coisa de homem “contra” mulher para fazer filhos. Mais nada. E por causa de uma palavra reúne adeptos, distribui panfletos e manifesta-se em massa? É esta a razão para pôr menores de idade a quarenta graus à sombra segurando cartazes, obrigando-os a usar máscaras em plena onda de calor sufocante às seis da tarde, acusando Zapatero de atacar a família, de impedir que um homem e uma mulher se casem? «La família SI importa». Uma palavra que põe a instituição em vias de extinção, porque não é concebível que dois Zé Antónios criem um bebé sem que este não acabe num hospício, numa clínica de desintoxicação ou na prisa por vender heroína à porta de colégios. O amor, que é a base de qualquer matrimónio, só é possível se heterossexual e vocacionado para a procriação.
E o PP? Que faz o único partido de direita com assento no parlamento nacional ao lado de cartazes como «No al desmadre, queremos padre y madre»? Proteger as criancinhas indefesas, coitadas. Mesmo que o líder Mariano Rajoy se tenha desmarcado à última da hora, o partido apoiou a manifestação, segurou bandeiras e bramou pela defesa da família com pai, mãe e avozinha que trate da Matilde e do Lourenço, gritando que os direitos dos não-gays estão a ser pisados, que é um retrocesso e que, além de imoral, esta lei é anticonstitucional. Não haverá militantes de direita que sejam panilas? Ser gay é só coisa de esquerdalhos anti-clericais papa-meninos? A opção sexual estará condicionada pela cor política? Pelos visto, nesta Espanha, sim.
Um dos líderes do Foro da Família, talvez com o cérebro a ferver pelo calor do verão madrileno, queixava-se da legalização do divórcio (sim, o divórcio, não estão a ler mal), que tão desprotegida deixa a família: «oxalá não existisse». Numa só frase ficaram desmascaradas as hipocrisias, as razões encapotadas, os menininhos a chorar e as vozes politicamente correctas: o que uniu Igreja, ONG’s e os líderes do segundo maior partido espanhol foi o terror à normalização de atitudes que, pela sua moral, são reprováveis e deveriam manter-se, se não ilegais, pelo menos na clandestinidade, como se não existissem. Negando o óbvio não se escandalizam as mentes puras. Olhos que não vêm, coração que não sente - e as fufas, os panascas, os infelizes, os mal amados, os infiéis, as maltratadas, as fartas do marido, o senhor de cinquenta anos que descobre a atracção sexual pelo trolha musculado das obras, esses, que se escondam, que não falem, que tudo se mantenha como estava. Não mudando, não questionando e evocando a liberdade. A deles, claro.
E agora, se me dão licença, vou lá abaixo dançar «I will survive» na Gay Parade. Porque é muito mais divertido celebrar com música a equiparação legal de outros modelos de família e de amor, a queixar-me porque o mundo não é o mesmo que há trinta anos, quando as mulheres nem podiam votar e os homossexuais eram presos. Este ano, a Festa do Orgulho Gay, já não reivindica direitos, mas comemora o crescimento democrático e a legalização do que sempre existiu.

quarta-feira, junho 27, 2007

Porque é que Sociologia é aquele curso da treta

Pequeno excerto da literatura que tenho que consumir para o exame da próxima sexta-feira:

"(...)Poderá argumentar-se que tal crítica, mais do que decorrer da argumentação teórica apresentada, subjaz a essa mesma argumentação e, por esta via, questionar-se a cientificidade de tal argumentação ou sustentar um relativismo epistemológico radical de onde se extrairia a impossibilidade de escolha entre modos de argumentação decorrentes. Por um lado, conclusões deste tipo, que ignoram o complexo processo de vaivém entre os domínios analítico e normativo (irredutível a uma sequência simples do tipo pressuposto -> teoria), serão contestados no início do capítulo 1, a propósito do recenseamento dos contributos de Jeffrey C. Alexander, no domínio da sociologia da sociologia, sobre a relação entre teoria e pressupostos: se a toda a construção sociológica subjazem pressupostos morais e políticos, nas disputas entre abordagens teóricas concorrentes é possível "ganhar conhecimento cumulativo sobre o mundo" desde que prevaleçam critérios de racionalidade na organização dos processos argumentativos"

Quanto mais incompreensível, melhor, que é para dar aquele ar de coisa séria e complexa.

domingo, junho 24, 2007

Temos medo de parecer racistas













Bom artigo da Inês Pedrosa na revista do Expresso desta semana. Diz o essencial sobre a coisa.

"Sempre que se tem notícia de mais um assassinato de uma jovem muçulmana, perpetrado pela família, em consequência do nefando "crime" de amar quem o pai não quer, ergue-se um coro de vozes paliativas dizendo que não é só no mundo islâmico que as mulheres morrem às mãos dos homens da sua família. Aconteceu agora, aquando da condenação dos assassinos de Banaz Mahmod, uma rapariga de 20 anos que vivia em Birmingham, Inglaterra e que acabou por ser morta e enterrada pelo pai e pelo tio, depois de se ter dirigido por diversas vezes à polícia contar as ameaças de morte do progenitor e pedir ajuda - sem sucesso.

É verdade que, num só ano, 39 mulheres portuguesas morreram às mãos de maridos e namorados - uma verdade bárbara que significa que os resquícios de uma cultura fundada no princípio de que "a cabeça da mulher é o homem" (São Paulo, Epístola aos Coríntios) demoram a extirpar.

Mas há uma diferença essencial: os "crimes de honra", na contemporânea civilização laica do Ocidente, não são praticados com a aprovação e a conivência da parentela dos assassinos. Fazem-se campanhas para alertar as mulheres de que não devem aceitar relações violentas, e que existem diversas entidades a que podem recorrer. Muitas vezes, na prática, esse apoio é ténue porque a nossa Justiça é infinitamente branda e lenta para com os agressores - não percebo porque é que as vítimas de violência são forçadas a esconder-se em casas secretas enquanto os verdugos ficam à solta, fazendo a sua vidinha, nem porque é tão difícil que as famílias de atacantes identificados como perigosos doentes mentais obtenham o internamento deles. Mas, pelo menos, há um alarme social. Números. Possibilidades de salvação. Nada disto existe no mundo islâmico - e, para vergonha do Ocidente, nem sequer no mundo islâmico que vive dentro das fronteiras da Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Porquê? Porque temos medo de parecer racistas. Que meninas de cinco anos sejam sujeitas a mutilação genital sobre mesas portuguesas, francesas, alemãs ou inglesas, é menos grave do que parecermos intolerantes. Que jovens muçulmanas vivam nas cidades da Europa sujeitas à opressão da Sharia, incomoda-nos menos do que ter uma posição frontal contra esta ignomínia. Dizemos que não queremos excitar os ânimos. Que chegaremos lá através do diálogo. Theo Van Gogh, já baleado, tentou dialogar: "Podemos falar?" Responderam-lhe mais balas. Temos medo - porque, de facto, há razões para ter medo. Salmon Rushdie que o diga. Ayaan Hirsi Ali que o diga - ambos vivem com condenações à morte sobre as suas cabeças. Mas não vergam essas cabeças, porque sabem que, quanto mais se vergarem, maior será a violência dos "fiéis" sobre os "infiéis".


A autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, recentemente publicada nos Estados Unidos com o título "Infiel" ("Infidel"; edição Free Press, 2007), é, não só um murro no estômago (e em todas as outras partes do corpo, porque não há nenhuma que, a bem da pureza do Islão, não lhe tenham dilacerado) e uma história de infinita valentia, como uma análise inteligente e lúcida dos efeitos da complacência ocidental face à cruzada islâmica.


Nascida na Somália, Hirsi Ali viveu a infância e a juventude em vários países da África muçulmana e na Arábia Saudita, fugiu em 1992 para a Holanda, para escapar a um casamento forçado, licenciou-se em Ciência Política e lutou pelos direitos das imigrantes muçulmanas como deputada no Parlamento holandês. Depois do assassinato do realizador Theo Van Gogh, por um radical islâmico, em consequência do filme Submission, com argumento dela, o seu direito à nacionalidade holandesa foi posto em causa pela responsável política pela Imigração (até então sua amiga) e Ali acabou por se radicar nos EUA. Uma das suas mais incómodas propostas parlamentares foi a da aboliçao do artigo da Constitutição holandesa que protegia a criação de escolas religiosas, alegando que os fundos governamentais deveriam ser utilizados em escolas ideologicamente neutras, de modo a encorajar as crianças a fazer perguntas e a respeitar o pluralismo. Tentou explicar que era um disparate pensar-se que os muçulmanos se integrariam melhor se os holandeses aceitassem toda a espécie de auto-segregação muçulmana - respondiam-lhe, na melhor das hipóteses, que ainda não era o tempo certo, ou, na pior, que estava toldada pela sua experiência.
O paternalismo tem sempre duas faces; ou porque experimentaram na pele ou porque falam de cor, as mulheres nunca são de fiar. Questão de hormonas, emoções. Então Hirsi Ali começou a lutar pelos factos: pediu as estatísticas dos "crimes de honra" na Holanda. O Ministério da Justiça respondeu-lhe que não discriminava os crimes pelas suas motivações, para não "estigmatizar grupos na sociedade". Conseguiu lançar uma experiência-piloto em 2 dos 25 departamentos policiais da Holanda. Descobriu-se que, só nestas duas áreas, entre Outubro de 2004 e Maio de 2005, 11 raparigas muçulmanas tinham sido mortas pelas famílias.


Quantas mais terão de morrer até que os relativistas culturais e morais acordem?"


Inês Pedrosa, Única 23 Junho 2007

sexta-feira, junho 22, 2007

Considerações sobre a desgraça árabe

" Como é que se passou ao marasmo actual, talvez mais intelectual e ideológico do que material, mas que tem por efeito fazer crer aos árabes que não têm outro futuro para além do que lhes destina um milenarimo mórbido?
Como é que se menospreza uma cultura viva, para comungar no culto da desgraça e da morte?
(...)
Será necessário descrever a desgraça árabe? Alguns números bastariam para dizer a gravidade do impasse em que as sociedades árabes se encontram bloqueadas: taxas de analfabetismo, disparidade entre os mais ricos, imensamente ricos, e os mais pobres, sobrepovoamento das cidades, desertificação das províncias... Mas, dir-me-ão, isso é o lote comum de boa parte daquilo a que ainda há pouco se chamava o terceiro mundo. E, mesmo assim, há muito mais pobreza nas ruas de Calcutá e mais disparidades no Rio de Janeiro. Sem dúvida. Só que a desgraça, neste caso, não é um obstáculo ao desenvolvimento, nem é uma questão de classes, nem mesmo de carências educativas.
(...) Comparações mais modestas seriam suficientemente perturbadoras. Com a Ásia, onde o crescimento económico multiplicou os "Tigres" e "Dragões". Com a América Latina, onde a transição democrática parece ter atingido o ponto de não-retorno. E mesmo coma África sub-sariana, onde apesar de tudo coesxistem guerras civis traumáticas e experiências democráticas. Essas regiões do planeta, que ainda há pouco tempo pareciam partilhar com os árabes as distorções do desenvolvimento e o arbitrário político, estão longe de ter atingido a paridade com Norte industrial e democrático. Mas, pelo menos, encontram-se nelas compensações que constituem motivos para não desesperar."


Samir Kassir
, asassinado em 2005, em Beirute.
Considerações sobre a desgraça árabe, 2004 (Edições Cotovia)

segunda-feira, junho 18, 2007

Amar é imaginar a eternidade


A conquista mais importante da minha vida será contemplar o pôr-do-sol, já senhora de vestuta idade, sentada num alpendre, contigo ao meu lado e com a tua mão pousada na minha. Olhar atrás, recordar o momento em que projectei o nosso sonho e pensar "quantos anos passaram!... ". Saborear de forma tranquila e merecida o nosso triunfo sobre o mundo incréu.

sábado, junho 16, 2007

Rbfaz ku fyrhen ççodahh nfdan makdgtej



Ter datas para entregar trabalhos...

(atenção: esta NÃO É a minha secretária. Não sou assim tão desmazelada)

sexta-feira, junho 15, 2007

Agosto



Vou à Irlanda.

Mais um sonho que se torna realidade.

Mais seis horas de tortura no ar.

quarta-feira, junho 13, 2007

Uma história sobre a amizade

Tenho vindo a constatar um padrão de comportamento na minha pessoa: quando as coisas estão na moda, ganho-lhes uma aversão tremenda. Não sei se isso indica uma predisposição anti-social da minha parte, mas as coisas que excitam toda a gente num dado momento tendem a aborrecer-me. Foi isso que aconteceu com o Senhor do Anéis, à mistura com o meu tradicional desdém (mas estou a mudar) por tudo o que tenha a ver com magia e fantasia.
Só que no último Natal, vi na televisão a terceira parte do Senhor dos Anéis e chorei baba e ranho, maravilhada de êxtase. Bastou para me fazer comprar a trilogia, que, por circunstâncias várias, só me decidi a ver agora. Estou a ver aos poucos, mas continuo abismada a cada cena, a cada dizer magnificamente proferido, a cada nome, a cada melodia, a cada vestimenta, a cada povoação, a cada batalha. Vou no "As Duas Torres". Começo a ficar deprimida só de saber que tudo vai acabar já daqui a filme e meio.

terça-feira, junho 12, 2007

O casamento

Classe. Elegância. Estilo. Sofisticação. Bom gosto. Pedigree.

Este homem tem ar de quem come criancinhas ao pequeno-almoço


24 anos, velha carcaça.