quarta-feira, junho 27, 2007

Porque é que Sociologia é aquele curso da treta

Pequeno excerto da literatura que tenho que consumir para o exame da próxima sexta-feira:

"(...)Poderá argumentar-se que tal crítica, mais do que decorrer da argumentação teórica apresentada, subjaz a essa mesma argumentação e, por esta via, questionar-se a cientificidade de tal argumentação ou sustentar um relativismo epistemológico radical de onde se extrairia a impossibilidade de escolha entre modos de argumentação decorrentes. Por um lado, conclusões deste tipo, que ignoram o complexo processo de vaivém entre os domínios analítico e normativo (irredutível a uma sequência simples do tipo pressuposto -> teoria), serão contestados no início do capítulo 1, a propósito do recenseamento dos contributos de Jeffrey C. Alexander, no domínio da sociologia da sociologia, sobre a relação entre teoria e pressupostos: se a toda a construção sociológica subjazem pressupostos morais e políticos, nas disputas entre abordagens teóricas concorrentes é possível "ganhar conhecimento cumulativo sobre o mundo" desde que prevaleçam critérios de racionalidade na organização dos processos argumentativos"

Quanto mais incompreensível, melhor, que é para dar aquele ar de coisa séria e complexa.

domingo, junho 24, 2007

Temos medo de parecer racistas













Bom artigo da Inês Pedrosa na revista do Expresso desta semana. Diz o essencial sobre a coisa.

"Sempre que se tem notícia de mais um assassinato de uma jovem muçulmana, perpetrado pela família, em consequência do nefando "crime" de amar quem o pai não quer, ergue-se um coro de vozes paliativas dizendo que não é só no mundo islâmico que as mulheres morrem às mãos dos homens da sua família. Aconteceu agora, aquando da condenação dos assassinos de Banaz Mahmod, uma rapariga de 20 anos que vivia em Birmingham, Inglaterra e que acabou por ser morta e enterrada pelo pai e pelo tio, depois de se ter dirigido por diversas vezes à polícia contar as ameaças de morte do progenitor e pedir ajuda - sem sucesso.

É verdade que, num só ano, 39 mulheres portuguesas morreram às mãos de maridos e namorados - uma verdade bárbara que significa que os resquícios de uma cultura fundada no princípio de que "a cabeça da mulher é o homem" (São Paulo, Epístola aos Coríntios) demoram a extirpar.

Mas há uma diferença essencial: os "crimes de honra", na contemporânea civilização laica do Ocidente, não são praticados com a aprovação e a conivência da parentela dos assassinos. Fazem-se campanhas para alertar as mulheres de que não devem aceitar relações violentas, e que existem diversas entidades a que podem recorrer. Muitas vezes, na prática, esse apoio é ténue porque a nossa Justiça é infinitamente branda e lenta para com os agressores - não percebo porque é que as vítimas de violência são forçadas a esconder-se em casas secretas enquanto os verdugos ficam à solta, fazendo a sua vidinha, nem porque é tão difícil que as famílias de atacantes identificados como perigosos doentes mentais obtenham o internamento deles. Mas, pelo menos, há um alarme social. Números. Possibilidades de salvação. Nada disto existe no mundo islâmico - e, para vergonha do Ocidente, nem sequer no mundo islâmico que vive dentro das fronteiras da Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Porquê? Porque temos medo de parecer racistas. Que meninas de cinco anos sejam sujeitas a mutilação genital sobre mesas portuguesas, francesas, alemãs ou inglesas, é menos grave do que parecermos intolerantes. Que jovens muçulmanas vivam nas cidades da Europa sujeitas à opressão da Sharia, incomoda-nos menos do que ter uma posição frontal contra esta ignomínia. Dizemos que não queremos excitar os ânimos. Que chegaremos lá através do diálogo. Theo Van Gogh, já baleado, tentou dialogar: "Podemos falar?" Responderam-lhe mais balas. Temos medo - porque, de facto, há razões para ter medo. Salmon Rushdie que o diga. Ayaan Hirsi Ali que o diga - ambos vivem com condenações à morte sobre as suas cabeças. Mas não vergam essas cabeças, porque sabem que, quanto mais se vergarem, maior será a violência dos "fiéis" sobre os "infiéis".


A autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, recentemente publicada nos Estados Unidos com o título "Infiel" ("Infidel"; edição Free Press, 2007), é, não só um murro no estômago (e em todas as outras partes do corpo, porque não há nenhuma que, a bem da pureza do Islão, não lhe tenham dilacerado) e uma história de infinita valentia, como uma análise inteligente e lúcida dos efeitos da complacência ocidental face à cruzada islâmica.


Nascida na Somália, Hirsi Ali viveu a infância e a juventude em vários países da África muçulmana e na Arábia Saudita, fugiu em 1992 para a Holanda, para escapar a um casamento forçado, licenciou-se em Ciência Política e lutou pelos direitos das imigrantes muçulmanas como deputada no Parlamento holandês. Depois do assassinato do realizador Theo Van Gogh, por um radical islâmico, em consequência do filme Submission, com argumento dela, o seu direito à nacionalidade holandesa foi posto em causa pela responsável política pela Imigração (até então sua amiga) e Ali acabou por se radicar nos EUA. Uma das suas mais incómodas propostas parlamentares foi a da aboliçao do artigo da Constitutição holandesa que protegia a criação de escolas religiosas, alegando que os fundos governamentais deveriam ser utilizados em escolas ideologicamente neutras, de modo a encorajar as crianças a fazer perguntas e a respeitar o pluralismo. Tentou explicar que era um disparate pensar-se que os muçulmanos se integrariam melhor se os holandeses aceitassem toda a espécie de auto-segregação muçulmana - respondiam-lhe, na melhor das hipóteses, que ainda não era o tempo certo, ou, na pior, que estava toldada pela sua experiência.
O paternalismo tem sempre duas faces; ou porque experimentaram na pele ou porque falam de cor, as mulheres nunca são de fiar. Questão de hormonas, emoções. Então Hirsi Ali começou a lutar pelos factos: pediu as estatísticas dos "crimes de honra" na Holanda. O Ministério da Justiça respondeu-lhe que não discriminava os crimes pelas suas motivações, para não "estigmatizar grupos na sociedade". Conseguiu lançar uma experiência-piloto em 2 dos 25 departamentos policiais da Holanda. Descobriu-se que, só nestas duas áreas, entre Outubro de 2004 e Maio de 2005, 11 raparigas muçulmanas tinham sido mortas pelas famílias.


Quantas mais terão de morrer até que os relativistas culturais e morais acordem?"


Inês Pedrosa, Única 23 Junho 2007

sexta-feira, junho 22, 2007

Considerações sobre a desgraça árabe

" Como é que se passou ao marasmo actual, talvez mais intelectual e ideológico do que material, mas que tem por efeito fazer crer aos árabes que não têm outro futuro para além do que lhes destina um milenarimo mórbido?
Como é que se menospreza uma cultura viva, para comungar no culto da desgraça e da morte?
(...)
Será necessário descrever a desgraça árabe? Alguns números bastariam para dizer a gravidade do impasse em que as sociedades árabes se encontram bloqueadas: taxas de analfabetismo, disparidade entre os mais ricos, imensamente ricos, e os mais pobres, sobrepovoamento das cidades, desertificação das províncias... Mas, dir-me-ão, isso é o lote comum de boa parte daquilo a que ainda há pouco se chamava o terceiro mundo. E, mesmo assim, há muito mais pobreza nas ruas de Calcutá e mais disparidades no Rio de Janeiro. Sem dúvida. Só que a desgraça, neste caso, não é um obstáculo ao desenvolvimento, nem é uma questão de classes, nem mesmo de carências educativas.
(...) Comparações mais modestas seriam suficientemente perturbadoras. Com a Ásia, onde o crescimento económico multiplicou os "Tigres" e "Dragões". Com a América Latina, onde a transição democrática parece ter atingido o ponto de não-retorno. E mesmo coma África sub-sariana, onde apesar de tudo coesxistem guerras civis traumáticas e experiências democráticas. Essas regiões do planeta, que ainda há pouco tempo pareciam partilhar com os árabes as distorções do desenvolvimento e o arbitrário político, estão longe de ter atingido a paridade com Norte industrial e democrático. Mas, pelo menos, encontram-se nelas compensações que constituem motivos para não desesperar."


Samir Kassir
, asassinado em 2005, em Beirute.
Considerações sobre a desgraça árabe, 2004 (Edições Cotovia)

segunda-feira, junho 18, 2007

Amar é imaginar a eternidade


A conquista mais importante da minha vida será contemplar o pôr-do-sol, já senhora de vestuta idade, sentada num alpendre, contigo ao meu lado e com a tua mão pousada na minha. Olhar atrás, recordar o momento em que projectei o nosso sonho e pensar "quantos anos passaram!... ". Saborear de forma tranquila e merecida o nosso triunfo sobre o mundo incréu.

sábado, junho 16, 2007

Rbfaz ku fyrhen ççodahh nfdan makdgtej



Ter datas para entregar trabalhos...

(atenção: esta NÃO É a minha secretária. Não sou assim tão desmazelada)

sexta-feira, junho 15, 2007

Agosto



Vou à Irlanda.

Mais um sonho que se torna realidade.

Mais seis horas de tortura no ar.

quarta-feira, junho 13, 2007

Uma história sobre a amizade

Tenho vindo a constatar um padrão de comportamento na minha pessoa: quando as coisas estão na moda, ganho-lhes uma aversão tremenda. Não sei se isso indica uma predisposição anti-social da minha parte, mas as coisas que excitam toda a gente num dado momento tendem a aborrecer-me. Foi isso que aconteceu com o Senhor do Anéis, à mistura com o meu tradicional desdém (mas estou a mudar) por tudo o que tenha a ver com magia e fantasia.
Só que no último Natal, vi na televisão a terceira parte do Senhor dos Anéis e chorei baba e ranho, maravilhada de êxtase. Bastou para me fazer comprar a trilogia, que, por circunstâncias várias, só me decidi a ver agora. Estou a ver aos poucos, mas continuo abismada a cada cena, a cada dizer magnificamente proferido, a cada nome, a cada melodia, a cada vestimenta, a cada povoação, a cada batalha. Vou no "As Duas Torres". Começo a ficar deprimida só de saber que tudo vai acabar já daqui a filme e meio.

terça-feira, junho 12, 2007

O casamento

Classe. Elegância. Estilo. Sofisticação. Bom gosto. Pedigree.

Este homem tem ar de quem come criancinhas ao pequeno-almoço


Vergonha! E ninguém faz nada!




Depois do saneamento de elementos discordantes na DREN, a purga prossegue agora no Plano da Matemática, com o "convite" de saída da Associação de Professores de Matemática, por dali terem vindo críticas "públicas" (o pecado é dizê-las em voz alta) às declarações da Ministra da Educação. A escandaleira continua e o país continua carneiro desta estranha forma de vida.

sexta-feira, junho 01, 2007

Francamente

A incompetência e lentidão dos serviços públicos atinge proporções monstruosas.
Cometi o erro de enviar um email para a Direcção-Geral de Cobrança de Impostos para me esclarecerem acerca de uma questão tão simples quanto a devolução de IVA após ter passado um Acto Isolado. Não minto: está disponibilizado no site do Ministério das Finanças um endereço de email, dscobranca@dgci.min-financas.pt. Aliás, estão lá muitos endereços de email.

Acontece que enviei o email no dia 26 de Abril e só me responderam hoje, ou seja, MAIS DE UM MÊS DEPOIS. Entretanto o assunto já foi resolvido e encontra-se morto e enterrado há muito, pois se eu dependesse daquela resposta estava bem tramada.

Mas apetece perguntar: para que servem as contas de email dos ministérios? Porque se dão sequer ao trabalho de responder se o fazem já fora do prazo? Saberão alguns funcionários públicos sequer trabalhar com um computador?

A forma como se trabalha nos ministérios (e de todas as vezes que tive que me deslocar a tais sítios já sabia que me esperava uma longa aventura) é provavelmente o caso mais extremo do mau serviço prestado pela função pública. No entanto, há outros casos sintomáticos, onde talvez menos se esperasse. Cada vez que entro na Loja do Cidadão, sei que há um problema com o sistema informático, pois é anunciado no altifalante. Sempre. É sagrado.

Isto é que é um verdadeiro "choque tecnológico".

Acho que me vou inscrever no 10º ano






Sócrates promete computadores portáteis quase de borla

24 anos, velha carcaça.