Em 1989, eu era muito pequenina e não prestava assim tanta atenção às gentes taralhoucas que habitam o Portugalinho. Mas chegou-me recentemente aos ouvidos que um dos clássicos da nossa jurisprudência é um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça desse ano, referente ao caso de duas estrangeiras, a Svetlana e a Dubrova, que pediam boleia no Algarve e acabaram violadas numa mata qualquer.
Pronunciando-se sobre uma decisão da primeira instância que condenou os jovens violadores, o STJ reafirmou a condenação mas (preparem-se) desculpabilizou-os em simultâneo. Caros amigos e caras amigas, as mentes brilhantes do nosso STJ consideraram que a violação era mais que "previsível", uma vez que a Svetlana e a Dubrova se pavoneavam em plena "COUTADA DO MACHO IBÉRICO" - assim mesmo, sem tirar nem pôr (isto ainda numa era pré-ascenção de Zézé Camarinha ao estrelato). Ora sabendo que na COUTADA DO MACHO IBÉRICO os machos têm efectivamente sangue na guelra e não andam cá com rodriguinhos nem delicadezas na hora H, considerava-se no acórdão que "as duas ofendidas muito contribuíram para a sua realização", "fizeram-nos conscientes do perigo que corriam" e porque toda a gente sabe que "aqui, tal como no seu país natal, a atracção pelo sexo oposto é um dado indesmentível e, por vezes, não é fácil dominá-la". É assim que funciona na COUTADA DO MACHO IBÉRICO.
Faço votos que a Svetlana e a Dubrova, estejam lá elas onde estiveram, nunca tenham entendido o que quiseram dizer os juízes do STJ, espero que, vindas de um mundo diferente e mais civilizado, não tenham percebido bem o significado de uma expressão idiota como COUTADA DO MACHO IBÉRICO e, assim, se lembrem apenas do sistema judicial tuga como o que condenou aqueles que as violaram e não o que tentou dar-lhes uma lição de moral e bom senso (desfilarem assim pela COUTADA DO MACHO IBÉRICO, tenham lá paciência!).
Perdoem-nos, Svetlana e Dubrova.
terça-feira, maio 02, 2006
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24 anos, velha carcaça.
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