sábado, outubro 28, 2006

sexta-feira, outubro 27, 2006

Curioso...


" Golfinhos e leões também são 'gays'

Girafas, baleias, golfinhos, escaravelhos, cisnes e até leões. Estas são apenas algumas das 1500 espécies em que já foram observados comportamentos homossexuais, como mostra uma exposição patente até ao próximo Verão no Museu de História Natural de Oslo, na Noruega.

Intitulada "Contra Natura?", a exposição pretende questionar a premissa de que a homossexualidade não é natural. "Pensámos que, enquanto instituição científica, podíamos contestar o argumento de que o modo de vida das pessoas homossexuais é contrário aos princípios da natureza", explicou um do organizadores, Geir Soeli.

A exposição recorre a fotografias e reconstituições para dar exemplos de comportamentos homossexuais, em ambos os géneros, entre uma enorme diversidade de espécies. "Desde mamíferos a caranguejos e vermes. Esse comportamento pode ser raro nalguns animais e apenas numa parte da sua existência, mas outros praticam-no durante toda a vida", diz Petter Boeckman, consultor académico da exposição. "A homossexualidade é não só comum, como essencial na vida de numerosas espécies". O chimpanzé-anão, por exemplo, uma espécie que partilha com o homem 99% do seu património genético, é bissexual e usa o sexo para reduzir a agressividade e resolver conflitos. Também entre golfinhos e baleias assassinas a homossexualidade é muito comum. Nestas espécies, a ligação entre machos e fêmeas é efémera, mas entre machos pode durar anos.

O tema foi ignorado durante séculos, com os comportamentos homossexuais a serem considerados como rituais de combate entre machos, mas os primeiros registos de "atitudes equívocas" entre animais, remontam a três séculos antes de Cristo, pelo filósofo grego Aristóteles. "Não eram descritos como actividade homossexual, como pulsão de desejo", diz Soeli. "Mas os animais têm instintos muito fortes. Talvez acasalem simplesmente por ser agradável".

A exposição tem tido muitas visitas, incluindo famílias e crianças, que percorrem sem estranheza a sala do Museu de História Natural, mas não deixou de suscitar críticas. Um comentador americano afirmou que é um exemplo de "propaganda a invadir o mundo científico", enquanto um pastor luterano norueguês foi mais longe e desejou que os responsáveis pela mostra "ardessem no inferno". Outro, da Igreja Pentecostal, disse que o dinheiro dos contribuintes seria melhor gasto a ajudar os animais a corrigir "as suas perversões e desvios ".

DN, 27/10/2006

Já decidi


Em consciência, cumpri o meu dever cívico. O pior português de sempre é D. Sebastião.

Entretanto, outros dos piores, Pedro Santana Lopes, regressou à ribalta para criticar o actual ministro da Economia por ter usado uma frase sua: "A crise acabou". Santana Lopes quer cobrar direitos de autor.

quinta-feira, outubro 26, 2006

sexta-feira, outubro 20, 2006

Pussycat Dolls abespinham-se e respondem ao clérigo islâmico

I Don't Need a Man

quinta-feira, outubro 19, 2006

Porque é importante bater nas mulheres

quarta-feira, outubro 18, 2006

Os Grandes Portugueses

Ó, acho simpática e positiva a iniciativa da RTP de fazer um programa sobre “Os Grandes Portugueses”, mas não tanto porque se vai escolher o maior português de todos os tempos. Aliás, nunca voto em programas de televisão, são sempre uma maneira de nos sacar até ao tutano o dinheiro do telemóvel. E não acho possível determinar o "maior português" da história.

O que eu acho importante neste programa é que existe um vasto conjunto de portugueses que os próprios portugueses desconhecem ou cuja relevância ignoram, e é sempre bom ir mais além da trilogia Camões-Amália-Eusébio típica do imaginário (se bem que colocar Camões e Eusébio no mesmo plano é daquelas coisas...). Eu tenho a certeza que muita gente não sabe que o primeiro homem a liderar uma viagem de circum-navegação e primeiro europeu a navegar o Pacífico era português e se chamava Fernão de Magalhães. E outros: Ribeiro Sanches, Pedro Nunes, Aristides de Sousa Mendes ou o Papa João XXI são figuras tão marginais porquê?
Talvez seja uma boa oportunidade para ficarmos todos a saber um pouco mais.

Na lista proposta, há também coisas que se estranham, tais como terem incluído Salazar só depois dos protestos pela sua ausência inicial. Ou ainda: João César Monteiro. Estamos a falar do realizador de “Branca de Neve”? (para quem não sabe, refiro que o mero visionamento de um excerto deste filme é uma experiência traumática). Ou ainda o rei D. Sebastião – que eu sabia, trata-se dos “grandes portugueses”, não dos portugueses famosos.

Para que serve a unhaca?

Anteontem fui atendida por um funcionário público que possuía todos os traços de portugalidade que se prezam no macho lusitano: funcionário público precisamente, bigode farfalhudo, barriga proeminente e uma unhaca no dedo mindinho da mão direita. A unhaca é aquela unha inexplicavelmente mais crescida do que as restantes.

Já dei voltas à cabeça e é sempre árduo compreender para que serve a misteriosa unhaca portuguesa. Há duas hipóteses de partida: ou aquilo serve uma função estética ou uma função prática. Das duas uma. Mas eu recuso-me a acreditar na função estética. Simplesmente porque não posso acreditar que alguém encare a unhaca como um pormenor de estilo. Não quero perder completamente a réstia de fé que ainda tenho na humanidade.

Resta a função prática. A unhaca tem uma função prática, e pelo aspecto da coisa (ou muito escura ou muito amarelecida), verdadeiramente multi-usos. Será provavelmente para remoção / desaparafusamento / limpeza de orifícios humanos / abertura de objectos difíceis. Consta que a unhaca também serve para coçar partes do corpo complicadas de aceder. Servirá ainda para tocar a guitarra portuguesa? (algo me diz que poderá haver também aí uma ligação). Ou seja, os suíços têm o seu canivete, os tugas têm a sua unhaca. Será?

Mas tudo isto não passa de especulação. Fosse eu jornalista, não hesitaria em fazer uma reportagem sobre a unhaca portuguesa e ouvir da boca dos protagonistas porque a ostentam com tanto orgulho.

sábado, outubro 14, 2006

Romantismo é

Entrarmos no supermercado para ir buscar o que faz falta em casa.

Orhan Pamuk, Nobel da Literatura 2006


" O que é verdadeiramente fatal para a Turquia é não ter uma democracia desenvolvida. (...) Estou a marimbar-me para a questão da União Europeia, contando que a Turquia tenha uma democracia. Quero ser capaz de dizer tudo aquilo que desejo dizer, sem correr o risco de ser linchado por campanhas fascistas ou acabar na prisão "

(El País, 24-09-2006)

quinta-feira, outubro 12, 2006

O fim do Fim da História, II

A História encarregar-se-á de sublinhar o falhanço monumental da primeira Administração Bush (2000-2004), que começou verdadeiramente a partir do 11 de Setembro de 2001, e o significado especial que teve a ascenção do neoconservadorismo nos círculos do poder norte-americano.

Em Janeiro de 2002, George W. Bush definiu como grande ameaça à segurança dos EUA (e, por conseguinte, do “mundo livre”) um “Eixo do Mal” constituído pelo Iraque, pelo Irão e pela Coreia do Norte (por esta ordem), como regimes que apoiam e financiam o terrorismo e procuram armas de destruição maciça. Este discurso entrou para o anedotário e Bush foi pela enésima vez chamado de asno. Quase cinco anos depois, os principais problemas dos EUA (e, por conseguinte, do “mundo livre”) são o Iraque, o Irão e a Coreia do Norte. Mas, ao que tudo indica, o governo norte-americano errou de forma trágica: adiou os perigos maiores e entrou a matar com as ameaças menores.

Quem esteve por detrás da decisão de invadir o Iraque, usando o argumento das armas de destruição maciça?

O neoconservadorismo surgiu nos EUA na década de 1960, de intelectuais desiludidos com a extrema-esquerda trotskista, anti-estalinista. Os neoconservadores são, por isso, e como o nome indica, “novos conservadores”, por oposição aos conservadores tradicionais, dos quais é representativa a direita religiosa americana. A grande diferença entre os neoconservadores e a outra direita é que os primeiros são gente com um percurso académico brilhante; são intelectuais, com presença habitual nos centros de pensamento (think tanks), distintos das franjas populistas e ignorantes da outra direita; são internacionalistas, defendem o activismo dos EUA no mundo, dedicam-se sobretudo a pensar a política externa (a direita tradicional é isolacionista). Não obstante, as duas direitas juntaram-se no governo de W. Bush.

Os neoconservadores começaram por ganhar espaço na comunicação social, nos thinks tanks, em inúmeras publicações, jornais e programas de televisão. Nas últimas décadas, têm ocupado lugares importantes na Administração, no Pentágono e nos serviços secretos. Paul Wolfowitz, Donald Rumsfeld, Dick Cheney (governo), Richard Perle (conselheiro), Abram Shulsky (Pentágono), Eliot Abrahms e Stephen Cambone (serviços secretos), Clarence Thomas e Richard Bork (tribunais), William Kristol (fundador do neoconservadorismo americano), William F. Buckley, Robert Kagan, John Bolton e William Bennett são influências decisivas na Casa Branca. Os académicos Francis Fukuyama (“O Fim da História”) e Samuel Huntington (“O Choque de Civilizações”, teorizando um futuro combate entre o Ocidente e o Islão, sistemas antagónicos) são outros neoconservadores muito tidos em conta.

Os neoconservadores herdaram do trotskismo o princípio da exportação da ideologia, neste caso, a democracia americana, entendida como moralmente superior mas permanentemente ameaçada no mundo contemporâneo. Fazem uma crítica cultural e moral às instituições americanas e pretendem recuperar tradições clássicas.

O principal inspirador intelectual do neoconservadorismo norte-americano é um filósofo judeu de nome Leo Strauss, fugido à Alemanha nazi e que se estabeleceu na academia norte-americana a partir da década de 60. Strauss pretendeu, através dos autores clássicos, lutar contra os paradigmas que fazem da sociedade contemporânea uma sociedade nihilista. Tinha um profundo desprezo pelo caos da Alemanha de Weimar, que abriu portas ao nazismo e ao Holocausto, e viu nela um espelho da sociedade americana do pós-II Guerra Mundial, contaminada pelo relativismo e pelo positivismo, onde se tinham perdido os valores da ordem, da moralidade. Deu a receita: para combater a tendência auto-destrutiva da democracia contemporânea, há que recuperar padrões antigos.

Leo Strauss falou do “drama do Ocidente”, de uma civilização que distorceu o seu pensamento metafísico e chegou a um ponto de indefinição existencial. A modernidade, iniciada com Maquiavel, Hobbes e Locke, é produto de uma nova concepção de natureza humana que inevitavelmente desembocou no nihilismo, no humanismo radical ateizante, modificando toda a ideia que temos da existência em comunidade.

Segundo Strauss, a civilização ocidental tem como fontes primordiais dois elementos antagónicos mas factores da vitalidade do Ocidente: a Fé e a Razão, a Bíblia e a Filosofia, Jerusalém e Atenas. Jerusalém (o judaico-cristianismo) é o elemento que representa a moralidade necessária, a ordem, a unidade, a obediência. Atenas representa a Grécia antiga, a racionalidade clássica, uma ordem que reconhece a superioridade intelectual dos sábios e em que a justiça (em Platão, associada à atribuição adequada das funções a cada indivíduo) é a maior virtude. Se é impossível uma harmonização completa entre Jerusalém e Atenas, nem uma nem outra podem ser definitivamente derrotadas, e a sua eterna tensão é fundamental para compreender o Ocidente. Tanto em Jerusalém como em Atenas existe uma consciência semelhante de obrigatoriedade e de obediência. O predomínio de uma tradição sobre a outra resultará na revolta e na violência.

Apesar de ser preferir o espírito crítico ao espírito bíblico, Strauss vê qualquer uma das escolhas, revelação ou razão, como tendo que ser respeitadas. A religião é uma opção que não pode ser refutada. Sendo ele próprio parte de uma comunidade religiosa (apesar de cedo se ter afastado da ortodoxia dos seus familiares), possuía uma forte consciência da sua herança cultural. Refere muitas vezes a religião como factor de coesão, lealdade e sentido moral na comunidade. O ateísmo da modernidade é fruto da pseudo-filosofia que julga que todas as religiões são arbitrárias e que exalta a satisfação dos desejos particulares de cada indivíduo. A religião é a prevenção contra a tendência moderna da perturbação da ordem moral. Começa aqui a componente cínica do straussianismo, pois Strauss foi intimamente ateu e nihilista a vida inteira, como são a maioria dos neoconservadores actuais.

Seja como for, Strauss procura claramente em Atenas a solução para os males da modernidade. A filosofia clássica, sobretudo o platonismo, é o modelo para remediar os excessos e as deficiências do pensamento moderno. A filosofia clássica procura a transcendência enquanto a modernidade baseia-se na imanência. Em Atenas, a noção de Bem traduz-se na vida em comunidade (o homem é um animal social – Aristóteles). Nesta ordem natural, há uma característica hierárquica que deve ser absolutamente respeitada.
Aquilo que Strauss vê em Platão é a verdadeira essência do filósofo, que percebe e defende a causa da filosofia, mas que reconhece que esta pode ser tanto remédio como veneno. Apesar de ser a mais nobre e elevada das diligências (seguida da política), a filosofia constitui uma ameaça permanente para as bases morais e autoritárias da sociedade. O filósofo está acima dos comuns, não vive assaltado pelos mesmos desejos que a grande maioria dos homens. Vive serena e tranquilamente, acima do medo, mas também acima da esperança, situação que provém da sua resignação. O que Platão compreendeu, ao contrário de Sócrates (visto por Strauss como exemplo do perigo da filosofia, por o método socrático consistir no diálogo aberto e interrogativo com os jovens), é que o filósofo deve tomar precauções para impedir que a filosofia agite as fundações da sociedade. Os sábios devem moderar a verdade da comunidade – a exposição da filosofia às massas é um erro trágico.

Leo Strauss não terá sido o primeiro a falar sobre o ensino esotérico, mas é o expoente máximo dessa teoria nos dias de hoje: os filósofos devem recorrer a uma escrita obscura para os textos filosóficos, evitando que as ideias perigosas destruam o equilíbrio da sociedade. Ideias que apenas possam ser entendidas nas entrelinhas pelos sábios ao longo da história. Começa aqui o elitismo do straussianismo: há uma desigualdade erradicável entre os homens, uma hierarquia no topo da qual está um grupo iluminado de pessoas com capacidade para proteger o conhecimento filosófico.

Para Strauss, existe um conjunto de questões fundamentais que ocupam o pensamento dos filósofos, de natureza essencialmente político-teológica. Os filósofos, não pretendendo governar, espera-se que tenham influência determinante junto dos que têm o poder, para que os legisladores tenham uma acção sensata no momento de estabelecer medidas que fortaleçam a sociabilidade dos cidadãos. A difusão da Verdade, da cruel verdade filosófica, seria catastrófica: a de que não existem deuses que castiguem ou recompensem o bem e o mal praticados, que a vida após a morte é uma ficção, que a história da Humanidade não é mais do que uma poeira insignificante do cosmos, que não existem nem Bem nem Mal em si, que a natureza humana é indiferente aos valores e às necessidades humanas. Os filósofos são homens serenos e equilibrados, mais que ateus, são cépticos e epicuristas.

Na governação, é natural e necessário que a verdade seja escondida à grande maioria. Não se trata de manipulação pura e simples, mas sim de evitar, através da noble lie, que o preconceito, a ignorância e a sensibilidade emocional das gentes comuns impeçam a governação política. A dissimulação é necessária em política. Foi com uma noble lie que os EUA avançaram para o Iraque.

Para Strauss, o grande pecado de Maquiavel foi ter revelado a verdade, e aí teve início a modernidade, o antropocentrismo, o humanismo, o individualismo. Maquiavel descreveu os homens como naturalmente egoístas, ambiciosos e sedentos de poder sobre os outros. Interessou-se por aquilo que o Homem é e não pelo que ele devia ser, pela psicologia da política, pelas paixões que inspiram o comportamento político. Com a abertura da filosofia e a emancipação das paixões das massas, a Humanidade progride materialmente, mas cai no vazio absoluto.

A última fase da modernidade, da crise do Ocidente, aquela em que nos encontramos hoje, é segundo Strauss a era do nihilismo. Vivemos uma crise existencial assustadora, estamos completamente livres para criar os valores segundo os quais pretendemos viver. Cada um por si. A modernidade distancia-se cada vez mais da sociedade clássica. É urgente recuperar a filosofia pré-moderna. Com esse intuito, Strauss criou os seus próprios “discípulos”.

Os neoconservadores foram profundamente influenciados pelo straussianismo, alguns deles directamente. Paul Wolfowitz e Abram Shulsky foram alunos de Strauss e de Allan Bloom, o mais proeminente seguidor straussiano na academia norte-americana.

Para os neoconservadores, é fundamental manter a coesão e estabilidade internas e a guerra perpétua é uma das melhores maneiras de o garantir. A diplomacia é um mero jogo de distracção, já que os inimigos são definidos por antecipação. Defendem, internamente, uma sociedade guiada por princípios morais e aí, bebe-se na religião. Os neocons são a favor da religião no espaço público, mesmo que eles próprios não sejam crentes.

Os neoconservadores escolheram a “capital" do império islâmico, Bagdad (que é também a capital do futuro califado ambicionado por Bin Laden), como o ponto de partida da exportação da democracia norte-americana num mundo pós-11 de Setembro. A doutrina Bush previa que o terrorismo e a hostilidade islâmica face aos EUA e, num âmbito mais alargado, ao Ocidente, seriam combatidas com a mudança dos regimes políticos dos países do Médio Oriente. O Iraque, liderado por um ditador decrépito e com uma longa história com a Casa Branca, era apesar de tudo um país laicizado, perfeito para a repetição da experiência por que passou a Turquia que, na década de 1920, foi sujeita às reformas modernas e ocidentalizantes de Mustafa Kemal Ataturk. Noutras palavras, começar no Iraque, contra o qual tinha havido já uma guerra rápida e bem-sucedida, o “efeito-dominó” – coisa que falhara no Vietname.

Os EUA ignoraram o facto de que a sociedade iraquiana está fracturada ao meio pelas duas tendências político-teológicas, o sunismo (40% no Iraque, largamente maioritário no mundo islâmico) e o xiismo, para além da eternamente massacrada minoria curda. Sunitas e xiitas andam hoje envolvidos numa guerra civil interminável nas ruas iraquianas, que servem hoje também como um dos maiores impulsos da tendência terrorista islâmica.

Os EUA ignoraram que invadir o Iraque, destronar Saddam Hussein e fazer daquele país o maior caos à face da terra era o melhor favor que poderia ser feito ao Irão, grande inimigo do Iraque, que à altura ainda tinha um presidente considerado “moderado”. O Irão é um caso à parte no mundo islâmico, é persa e é maioritariamente xiita, e o seu protagonismo sempre foi contrariado por outros países muçulmanos, sobretudo a Arábia Saudita, sunita e árabe. Com o Irão a assumir o papel de líder no confronto com os EUA e nos discursos anti-Israel, o mundo islâmico encontra-se apaziguado perante a ascendência da Pérsia.

Sobretudo, os EUA ignoraram que, se se acreditar efectivamente no choque de civilizações tal como os neoconservadores acreditam, então fazer uma guerra desastrosa no meio do coração do Islão é a última das soluções.

Com um lunático como o presidente da Coreia do Norte, Kim Il-Jong, à solta, os EUA não têm hoje grande capacidade para fazer valer a sua autoridade nem os seus esforços diplomáticos, aos quais foram dados prioridade na 2ª Administração, com a ascensão de Condoleeza Rice e o afrouxamento da tendência neoconservadora em detrimento da realista.

Conclusão: o “Eixo do Mal”, se não existia antes, existe hoje. E o ar anda por estes dias praticamente irrespirável.

segunda-feira, outubro 09, 2006

O fim do Fim da História

Quando o Muro de Berlim caiu em 1989 e Francis Fukuyama profetizou um “Fim da História” com o triunfo da democracia capitalista, nem o mais paranóico do comum cidadão ocidental imaginaria que dali por quinze anos estaria a viver ainda mais sobressaltado do que nas quatro décadas anteriores. Não bastou a ascensão do islamo-fascismo para desmentir Fukuyama. O regime mais ditatorial da terra acaba de experimentar a bomba atómica. Já não nos bastava tudo o resto. O então anedótico discurso de Bush (ainda que não tenha saído da cabeça dele) que colocava o Irão e a Coreia do Norte num suposto “eixo do mal” terá sido mais certeiro do que a análise do reverenciado académico Fukuyama.
Pobre Ocidente.

domingo, outubro 08, 2006

5 estrelas

Ninguém vai querer perder a campanha incrível com que "o maior jornal diário português", o Correio da Manhã, decidiu presentear os seus leitores:

VEJA COM OS SEUS PRÓPRIOS OLHOS O MESMO QUE A IRMÃ LÚCIA VIU

sexta-feira, outubro 06, 2006

Isto sim, é serviço público de televisão









A RTP, naquelas rubricas educativas sobre como falar português decentemente, teve hoje uma ideia de génio. Pois não é que foi buscar o líder espiritual incontestado da maioria da população tuga (6 milhões no rectângulo, 14 milhões no mundo, dizem as "estatísticas"), o Xô Luís Filipe Vieira, como o exemplo a não seguir! Gosto mesmo destes tipos da RTP... Esclareço: numa entrevista recente a Judite de Sousa, LFV disse "hádem" em vez de "hão-de". Mais uma para a lista de atropelos à Língua.

Sempre me fascinou Luís Filipe Vieira. Repare-se no porte, na beleza, na elegância, na nobreza. Toda a portugalidade ali concentrada, toda a boçalidade típica, aquele dialecto com que comunica com os seus semelhantes - sempre completo com o "hum" no final de cada frase - , o papel de "Justiceiro" que encarna na missão patriótica de limpar o emporcalhado futebol português (visando-se a si próprio, o que é de enaltecer), são coisas de me fazer vir lágrimas aos olhos. Luís Filipe Vieira faz jus ao cargo que ostenta e não há nada melhor do que o homem certo para o lugar certo.

Foi uma noite muito especial



Neste 5 de Outubro, vi os gatos mais giros e talentosos à face da terra!

Acreditavam no Pai Natal









Acho um tanto ou quanto exageradas as reacções do povo húngaro nas ruas de Budapeste. Hoje foram mais 50 mil a exigir a demissão do primeiro-ministro, após a divulgação de uma cassete em que este dizia que o governo tinha mentido para ganhar as eleições. Eu cá, quando ouvi a notícia, só me deu para bocejar. O governo mentiu para ganhar eleições? Banal.
Gente ingénua, estes húngaros.
24 anos, velha carcaça.