Ó, deixa-me perplexa a tua argumentação relativamente ao referendo do aborto. O teu discurso é pródigo em considerações moralistas e acusatórias, dizes que o aborto é atropelar uma vida, que não se pode ceifar uma vida, que abortar é matar (presumo que o faças equivaler a matar um ser nascido), mas depois afirmas concordar com a actual lei. Ou seja, concordas que no caso de mal-formação do feto, não há ali vida. Aí já se pode permitir ceifar um ser humano. Claro, que chatice, ter um filho deficiente, prefiro ter um perfeitinho, bendita liberdade de escolha...
E crianças fruto de violações? Sim, essas também podem ser abortadas, pois foram concebidas em pecado e não foram planeadas nem desejadas (quantas não o são?...). “É triste”, mas concordas. Porquê, santo Deus?
Ou és contra o aborto, todo o aborto, ponto final, ou és a favor da escolha consciente e individualizada. Não consigo encontrar justificação para essas excepções, se atender à forma como dizes conceber o acto de abortar.
Concordo contigo numa coisa: para quê a porcaria do referendo? Há duas razões para se fazer um referendo sobre o aborto. Uma já a indicaste, é o desiderato governamental de nos dar qualquer coisa picante para nos entretermos enquanto nos cortam tudo e mais alguma coisa. A segunda é a cobardia, a falta de tomates para decidir no Parlamento tudo o que tenha a ver com as questões ditas fracturantes.
sexta-feira, novembro 03, 2006
Começou a discussão do aborto
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24 anos, velha carcaça.
2 comentários:
"...mas depois afirmas concordar com a actual lei. Ou seja, concordas que no caso de mal-formação do feto, não há ali vida. Aí já se pode permitir ceifar um ser humano."
Concordo plenamente.
A argumentação parece-me pouco consistente e com grande lacunas. Eu questionei isso mesmo.
Por que nao:)
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