Aqui há dias, o deputado democrata-cristão italiano Cosimo Mele, "arauto dos valores da família", foi apanhado com duas prostitutas, cocaína e álcool num hotel de Roma (o senhor disse depois que tinha sido uma cilada).
Há semanas, Bob Allen, membro republicano da Casa dos Representantes dos EUA e figura de proa na cruzada anti-gay (=anti-deboche), foi preso por tentar aliciar um polícia (macho) à paisana para sexo numa casa de banho pública.
E agora, o senador republicano Larry Craig, outro agitador da bandeira moral tradicionalista, também foi apanhado por um polícia à porta de uma casa de banho com condutas menos decentes!
PORQUE É QUE OS ARAUTOS DOS VALORES DA FAMÍLIA SÃO SEMPRE OS PIORES?
quinta-feira, agosto 30, 2007
quarta-feira, agosto 22, 2007
Glendalough, Co. Wicklow
Entre os dois lagos do vale de Glendalough (glen-da-lóc), nas montanhas de Wicklow, uma pessoa chega a acreditar que Deus existe para além de qualquer dúvida.
Não longe daqui foi filmado o Braveheart, por a vegetação ser semelhante à escocesa e porque o governo irlandês oferece generosos benefícios fiscais à produção cinematográfica.
O cemitério rodeando a torre redonda e a igreja conhecida como St. Kevin's Kitchen. A lenda diz que os casais que dão três voltas à torre ficam juntos para sempre.Na cruz celta, especificamente irlandesa, o círculo representa o sol, que era um símbolo máximo dos pagãos. Significa, por isso, a conversão da ilha ao cristianismo, após a vinda de St. Patrick. Na era contemporânea, foi infelizmente apropriada pela escumalha da supremacia branca.
Devo registar que o nosso guia, de seu nome Damien, também condutor do autocarro e animador de serviço, parecia o típico white trash hooligan inglês que vem beber cerveja para Albufeira no Verão, com anéis e fios de ouro e uma tatuagem enorme do Celtic de Glasgow no braço. Em suma, parecia do mais bronco possível. Afinal, foi o melhor dos story-tellers.
terça-feira, agosto 21, 2007
Ar puro
Eis Temple Bar. É o centro da vida nocturna de Dublin, onde se situam alguns dos pubs mais conhecidos e procurados, e onde existe um centro musical. É o Bairro Alto lá do sítio, mas mais pequeno, claro. Diferenças? As ruas estão limpas e não cheira a xixi ao sábado de manhã.
Aqui, um irlandês pôs-se à frente na fotografia e disse-me "you gotta know all irish people are crazy!"
Tão simples
Na Irlanda, não se fuma nos locais públicos fechados. Isto significa que neste país é possível ir a um pub ou a um restaurante e não vir para casa com a roupa impregnada de cheiro a tabaco (Deus meu, afinal é possível algures!). Quem quer fumar, levanta o rabo da cadeira e vai lá fora. Os pubs continuam cheios. Parece tão simples que se torna incompreensível o porquê de tanta polémica.
segunda-feira, agosto 20, 2007
O futuro
Um dos grandes temas da vida nacional irlandesa, debatido nos jornais durante toda a semana, foi o resultado dos alunos que obtiveram o Leaving Certificate, o curso final dos estudantes do ensino secundário. Traçaram-se os perfis dos melhores alunos ("the class of 2007"), compararam-se as notas com as de anos passados, falou-se da diferença entre rapazes e raparigas (estas estão a ultrapassá-los). Reflectiu-se seriamente sobre o facto de os resultados nas áreas matemáticas terem piorado. O patronato e as empresas deram a sua opinião: uma população altamente qualificada e virada para a inovação tecnológica é fundamental para a competitividade da economia e o desenvolvimento contínuo do país. Por algum motivo a República da Irlanda é o país que mais cresce na Europa.
Dublin - pequena, amorosa e vibrante
Grafton Street
Ao contrário de Lisboa, diminuída e envelhecida na sua população, Dublin é uma cidade que transborda juventude e encontra-se em expansão. É pequena e não tem sequer metropolitano, o que permitiu que pudéssemos andar muito a pé. As artérias principais, O'Connell Street e Grafton Street (onde há actuações de rua quando o tempo assim o permite) estão sempre cheias de gente frenética, bem como a parte sul do rio Liffey, que divide a cidade e que é o seu verdadeiro centro. Adoro a mistura harmoniosa de cores dos edifícios e das lojas. As portas das casas também têm cada uma a sua cor, conta-se que é assim porque antigamente os homens entravam na casa errada e deitavam-se ao lado de uma mulher que não a sua, quando vinham do pub já bem regados. Os pubs e os cafés estão sempre cheios - SEMPRE. Quem vai a Dublin e se pergunta como é possível existirem tantos pubs (em cada rua existem pelo menos dois) sem que vão à falência, percebe logo: os irlandeses vivem literalmente para os pubs e para o craic (sinónimo para "passar um bom tempo"). E muitos começam a beber às 11 da manhã. Fiquei no entanto com a ideia que eles são malucos mas pacíficos. Houve até alguém que gozou comigo o tempo todo por eu ter acreditar piamente que Dublin é uma cidade sem crime.
Ao entrar em Trinity pensei: porque é que eu não pude tirar o meu curso numa relíquia histórica destas? Não, a minha faculdade antiga, na Avenida de Berna em Lisboa, é um antigo quartel com prédios feios e onde se passeiam galos naquilo a que chamam esplanada exterior. E outras coisas inenarráveis.
Em Trinity, encontra-se ainda guardado o Book of Kells, manuscripto magistralmente ilustrado por monges celtas.
Ao contrário de Lisboa, diminuída e envelhecida na sua população, Dublin é uma cidade que transborda juventude e encontra-se em expansão. É pequena e não tem sequer metropolitano, o que permitiu que pudéssemos andar muito a pé. As artérias principais, O'Connell Street e Grafton Street (onde há actuações de rua quando o tempo assim o permite) estão sempre cheias de gente frenética, bem como a parte sul do rio Liffey, que divide a cidade e que é o seu verdadeiro centro. Adoro a mistura harmoniosa de cores dos edifícios e das lojas. As portas das casas também têm cada uma a sua cor, conta-se que é assim porque antigamente os homens entravam na casa errada e deitavam-se ao lado de uma mulher que não a sua, quando vinham do pub já bem regados. Os pubs e os cafés estão sempre cheios - SEMPRE. Quem vai a Dublin e se pergunta como é possível existirem tantos pubs (em cada rua existem pelo menos dois) sem que vão à falência, percebe logo: os irlandeses vivem literalmente para os pubs e para o craic (sinónimo para "passar um bom tempo"). E muitos começam a beber às 11 da manhã. Fiquei no entanto com a ideia que eles são malucos mas pacíficos. Houve até alguém que gozou comigo o tempo todo por eu ter acreditar piamente que Dublin é uma cidade sem crime.
Suffolk Street
Houve uma rua que ficou imeditamente baptizada como "a minha favorita" em Dublin: Suffolk Street, onde está a St. Andrew's Church. Achei maravilhosa a forma como as inúmeras igrejas e catedrais da cidade, sobretudo as medievais (Patrick's, Christ's Church, St. Andrew's) parecem ter sido feitas exactamente à medida da cidade dos dias de hoje. Foi aqui que apanhámos o nosso autocarro da viagem às montanhas de Wicklow. E aqui percebi também um pouco o porquê do milagre económico irlandês - eles aproveitam como ninguém o turismo. Só nesse dia, cinco companhias privadas diferentes apanhavam ali turistas para o mesmo destino.
Ao entrar em Trinity pensei: porque é que eu não pude tirar o meu curso numa relíquia histórica destas? Não, a minha faculdade antiga, na Avenida de Berna em Lisboa, é um antigo quartel com prédios feios e onde se passeiam galos naquilo a que chamam esplanada exterior. E outras coisas inenarráveis.
Em Trinity, encontra-se ainda guardado o Book of Kells, manuscripto magistralmente ilustrado por monges celtas.
verde e laranja
Sempre adorei a bandeira da República da Irlanda. Significa a paz (o branco) entre os católicos (o verde) e os protestantes (o laranja). Mas parece-me que há mais por detrás do simbolismo destas cores. Se vir uma pessoa ruiva de olhos verdes, é muito provável que esta seja descendente de irlandeses. Na ilha, há cerca de cinco milhões. Nos Estados Unidos, são 40 milhões.
Erin go bragh
Na Irlanda, vive um povo extremamente orgulhoso da sua história, da sua gente, das suas tradições, que cuida bem das suas cidades, dos seus campos, dos seus jardins, dos seus escritores e músicos, dos nomes das suas famílias (os pubs e lojas são maioritariamente nomeados assim: Clancy’s, Murphy’s, Flanagan's, Casey’s, Carroll’s, Gallagher’s), que tem um gosto genuíno pela vida e por fazer os outros sentirem-se em casa. Os seus símbolos, o trevo, a harpa, a cruz celta, a Guinness, são representados até à exaustão em cada cidade, rua e casa. A ilha verde, com as suas heranças sobrepostas e riquezas históricas e míticas - a celta medieval, a dos castelos senhoriais, a católica, a das lendas e dos duendes – é um regalo para o olho. Os irlandeses cuidam do que é seu, isso é bonito e é um exemplo para todos. E só é pena que a ilha não tenha sido abençoada com um clima mais convidativo - choveu durante toda a nossa estadia, em pleno mês de Agosto. Este verão foi baptizado como "miserable", mas os irlandeses parecem estar habituados a isto, tanto que um ponta de sol a espreitar entre as nuvens dava azo a expressões como "it's a lovely day".
E há coisas inestimáveis, as quais só nos damos conta quando saímos de Portugal: é tão bom poder andar em ruas onde não exista cocó de cão no chão.
Fotos: Kilkenny, Co. Kilkenny, a "mais bonita cidade interior da Irlanda" - so we were told. A cidade tem um belíssimo castelo, propriedade antiga dos Butler, que dominaram a cidade durante 500 anos. A rodear o castelo, existem jardins extensos de perder de vista. Coisas destas existem por toda a Irlanda.
E há coisas inestimáveis, as quais só nos damos conta quando saímos de Portugal: é tão bom poder andar em ruas onde não exista cocó de cão no chão.
Fotos: Kilkenny, Co. Kilkenny, a "mais bonita cidade interior da Irlanda" - so we were told. A cidade tem um belíssimo castelo, propriedade antiga dos Butler, que dominaram a cidade durante 500 anos. A rodear o castelo, existem jardins extensos de perder de vista. Coisas destas existem por toda a Irlanda.
domingo, agosto 12, 2007
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24 anos, velha carcaça.