sexta-feira, outubro 10, 2008

Lá chegaremos

O Partido Socialista, que certamente não terá o meu voto nas próximas legislativas, não garantirá a legislação dos casamentos homossexuais, nem sequer a partir de 2009. O PS, que funciona sobretudo por uma lógica aparelhista de ocupação de lugares de poder, tem medo que seja contraproducente pôr em cima da mesa este assunto e então decidiu abrir uma excepção na sua intenção de "modernizar e reformar" Portugal, como o técnico de engenharia José Sócrates gosta de declarar.

Os temas chegam sempre a Portugal com uns anos de atraso em relação ao resto da Europa. Há uns meros sete ou oito anos atrás (já em pleno século XXI), o tema da homossexualidade em Portugal não era abordado na comunicação social, nos programas de entretenimento portugueses (ainda hoje os directores da TVI tentam recusar tudo o que de homossexual os argumentistas propõem), não havia sequer discussão sobre que tipos de direitos deveriam ser assegurados ao homossexuais e mesmo para 99% da população portuguesa os homossexuais seriam como uma espécie de mito urbano, tipo não se sabe bem se existe, nunca vi nenhum mas tenho um amigo que diz que conhece. Os homossexuais em Portugal, até há bem pouco tempo, eram não mais do que pessoas com fetiches sexuais absolutamente extremos e que tinham o desejo de provocar e chocar os outros. E até hoje, para a esmagadora maioria dos homossexuais portugueses, a vida era um fardo pesadíssimo, o medo paranóico de se ser descoberto, gozado e mesmo expoliado dos seus direitos mais básicos, como por exemplo manter um emprego.


Pois hoje dois jornais de referência portugueses trazem o tema na capa e eu suspeito que nos próximos dois a três anos, apesar da hesitação calculista do Partido Socialista, surja em Portugal uma lei ("casamento" ou não) que confira alguma espécie de protecção à vida quotidiana dos homossexuais em Portugal. O que eu não aceito é que o Partido Socialista diga que ainda não é hora de fazer esta lei, porque o debate na sociedade não está feito e porque não podemos entrar em experimentalismos sociais. Ora o debate sobre os direitos dos homossexuais não precisa de ser feito nem existiria nenhum "experimentalismo social". Os homossexuais são uma realidade, existem desde sempre, e hoje fazem vida marital como fazem os heterossexuais. Não há experimentalismo social, há uma realidade social. À realidade social deverá corresponder uma lei de garantia pois o vazio legal existente neste momento é a fonte de uma discriminação para muitos insuportável.


O debate que não está feito, esse sim, é o da educação de crianças no seio de uma família homossexual. Mas lá chegaremos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente,ainda vivemos numa sociedade de fachada...Beijos* Pat

Anónimo disse...

E com opiniões destas:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/419238


Valham-nos estas:
http://murcon.blogspot.com/

Pat

Anónimo disse...

Em relação aos links anteriores. O 1º artigo é brutal! O gajo é mesmo um burro atrasado mental.

Mas a questão das crianças é no fundo uma não questão. Numa sociedade livre nenhum homem/mulher deve ser proibido de "criar" e educar uma criança, de ser pai ou mãe. È um direito fundamental do ser humano não negociavél.
Estaria eu confortavél nessa posição? Provavelmente seria um processo e acabaria por me habituar, pois o importante é que existam crianças amadas e respeitadas.

Eu digo live and let live....

24 anos, velha carcaça.