Na última sexta-feira, por mera solidariedade profissional, e porque às vezes tenho dificuldade em arranjar uma desculpa esfarrapada para me conseguir escapar a programas em que eu não quero ser incluída, fui ver um espectáculo de revista. Sim, revista, aquela espécie de teatro de “gosto marcadamente popular” (Wikipedia), uma sucessão de sketches em palco que combinam momentos musicais de pessoas em roupas de gosto duvidoso (a primeira cena abriu com meninas em maiô) e momentos de suposta comédia em tom de gritaria estapafúrdia. Localização: uma academia recreativa num bairro tradicional de Lisboa. Horário: das 21h 50 à 1h da manhã – três horas daquilo mata qualquer um.
Pois cedo me apercebi do cenário de horror à volta. Povão, daquele povão realmente muito povil, vestido para ir à ópera. Dentro da sala, esperava-se o início do espectáculo ao som de música de carrinhos de choque. Percebi que a noite ia ser muito longa...
No fim da terapia de choque, foi-me permitido chegar a algumas conclusões desta autêntica visita de estudo. Há três coisas simples, muito simples, que bastam para pôr o povão a rir como se não houvesse amanhã: homens vestidos de mulheres, trocadilhos que sugiram alguma parte pudibunda do corpo humano e uma estalada aqui e ali – tudo repetido e repetido e repetido e repetido até à exaustão. Não falha. No fundo, os Malucos do Riso em versão ordinária extrema. O momento alto da noite foi ouvir os "BRAVÔ!" das senhoras na fila atrás da nossa. É disto que o povo gosta.
Mas feitas as contas não me posso queixar. Afinal, ri-me à brava daquela plateia durante toda a noite.
sábado, março 24, 2007
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24 anos, velha carcaça.
2 comentários:
Aí é que tu estás bem, no meio do povo!
Tal como disse no post, só mesmo em visita de estudo...
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